Em carta enviada ao mandatário dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. Foi a primeira vez que Bolsonaro fez um aceno à agenda ambiental do líder norte-americano. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O documento, de sete páginas, foi enviado na quarta-feira (14/4), dias antes de o presidente dos EUA realizar a Cúpula do Clima, que contará com a presença de dezenas de chefes de Estado, inclusive Bolsonaro. Organizado por Washington, o encontro ocorrerá em 22 de abril.
“Queremos reafirmar, neste ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”, escreveu o titular do Palácio do Planalto.
Segundo o jornal, o teor da carta foi discutido nos últimos dias entre Bolsonaro e os ministros Carlos França (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura).
A promessa sobre o desmatamento ilegal não constava em outras metas assumidas pelo país na área ambiental.
“Reitero o compromisso do Brasil e do meu governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com V. Excelência em todos esses objetivos comuns”, afirmou o chefe do Executivo federal no documento.
Mudança no tom
A carta enviada a Biden adota tom diferente daquele que Bolsonaro usou nos dois primeiros anos do mandato, quando acusou governantes estrangeiros de questionarem a soberania brasileira sobre a Amazônia, atacou ONGs e criticou líderes indígenas.
Agora, Bolsonaro afirma estar disposto a trabalhar com grupos que até então eram alvo de críticas do presidente: o terceiro setor e indígenas.
“Queremos ouvir as entidades do terceiro setor, indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que estejam dispostos a contribuir para um debate construtivo e realmente comprometido com a solução dos problemas.”
Redução de carbono
No documento, o mandatário brasileiro manteve o pedido de ajuda internacional para alcançar metas de redução da emissão da carbono na atmosfera.
“Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, no volume e na velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados”, afirmou.
“Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta.”