Springfield, em Ohio, ficou famosa mundialmente depois que Donald Trump, em seu único debate com Kamala Harris nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em setembro, falou sobre uma fake news que havia viralizado sobre imigrantes haitianos que estariam comendo pets na cidade.
O agora novo presidente eleito foi desmentido ao vivo pelos apresentadores e virou meme nas redes sociais. Até o cantor John Legend, que nasceu no local, usou seu perfil no Instagram para falar sobre o caso.
Por causa do boato, a pequena cidade recebeu 33 ameaças de bomba em poucos dias; faculdades e hospitais interromperam as atividades e policiais tiveram que reforçar a segurança nas escolas.
No entanto, apesar de toda a polêmica criada em torno do assunto, Trump garantiu a preferência da maioria dos moradores de Springfield: levou 64,2% dos votos populares do condado de Clark, onde fica a cidade, contra 34,8% de Kamala.
Na corrida pelo Senado, o candidato republicano Bernie Moreno também levou a melhor no condado, com 58,4% dos votos.
Na campanha, Trump prometeu deportações em massa em Springfield
Durante a campanha, o republicano prometeu fazer “a maior deportação em massa da História dos Estados Unidos” caso fosse eleito e afirmou que começaria por Springfield.
“Teremos a maior deportação da história do nosso país, e começaremos com Springfield e Aurora”, disse.
Após a vitória de Trump, o jornal americano “The Washington Post” foi até Springfield e conversou com haitianos que moram no local. Todos estão preocupados com a vitória do ex-presidente e as promessas que ele fez.
“Tenho que confiar no plano do Senhor, mesmo quando dói”, lamenta Yvena Jean François. “Não sei se poderei continuar a perseguir meus sonhos”, diz François.
A maioria dos haitianos está legalmente nos Estados Unidos, trabalhando em fábricas, mas eles não são cidadãos, então não puderam votar. Só na cidade de Ohio, são 12 mil.
Donald Trump em coletiva de imprensa na Califórnia — Foto: REUTERS/David Swanson
Durante toda sua campanha, a retórica do ex-presidente foi de que as cidades dos Estados Unidos estão “inundadas de imigrantes ilegais”, vindos “em níveis nunca antes vistos a partir de prisões, cadeias, instituições mentais e de asilos”, mesmo com as alegações não tendo fundamentação e sendo desmentidas por autoridades competentes.
Em coletiva, em setembro, Trump disse que imigrantes e refugiados sem documentos estão cometendo estupros e “assumindo empregos hispânicos, empregos afro-americanos”.
O republicano também repetiu acusações contra os venezuelanos, muitos deles no país legalmente:
“Limparam suas cadeias na Venezuela – esvaziaram os ninhos, como são chamadas – de más pessoas. Todas estão agora nos EUA e estão tomando cidades. É como uma invasão”.
Além de repetir a fake news já desmentida sobre Springfield e os imigrantes do Haiti, o ex-presidente também falou que gangues venezuelanas armadas com AR-15 estão tomando conta de Aurora, cidade do Colorado, embora o prefeito de lá, Mike Coffman, tenha dito à “CBS News” que, embora houvesse alguma atividade de gangues em dois complexos de apartamentos, a acusação de Trump é “grosseiramente exagerada”.
Fonte: g1