A Rússia respeitará os limites acordados sobre mísseis nucleares e continuará informando os Estados Unidos sobre mudanças em suas implantações, disse uma autoridade de defesa sênior nesta quarta-feira, apesar da suspensão do seu tratado mais recente de controle de armas com Washington.
Ambas as câmaras do Parlamento da Rússia votaram rapidamente a favor da suspensão da participação de Moscou no tratado New Start, ratificando decisão anunciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira, quando ele acusou o Ocidente de tentar infligir uma “derrota estratégica” à Rússia na Ucrânia.
Mas uma autoridade de alto escalão do Ministério da Defesa, major-general Yevgeny Ilyin, disse à Câmara baixa, ou Duma, que a Rússia continuaria observando as restrições acordadas sobre sistemas de lançamento nuclear — mísseis e aviões de bombardeio estratégicos.
Segundo a agência de notícias RIA, Ilyin disse que Moscou também continuará enviando a Washington notificações sobre implantações nucleares, a fim de “evitar alarmes falsos, o que é importante para manter a estabilidade estratégica”.
O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, também emitiu uma nota tranquilizadora.
“Não acredito que a decisão de suspender o tratado New Start nos aproxime de uma guerra nuclear”, disse ele, de acordo com a agência de notícias Interfax.
As garantias sugerem que a ação de Putin terá pouco impacto prático imediato, mesmo que coloque em dúvida o futuro a longo prazo de um tratado concebido para reduzir o risco nuclear ao fornecer um grau de transparência e previsibilidade para ambos os lados.
Putin tem um longo histórico de tentar desestabilizar o Ocidente. Desde que as forças russas invadiram a Ucrânia, um ano atrás, ele tem repetidamente se vangloriado do arsenal nuclear da Rússia e disse estar disposto a usá-lo caso a “integridade territorial” do país seja ameaçada.
O tratado New Start de 2010 limita o uso de ogivas nucleares de cada país a 1.550 — nível que a Rússia disse que continuará a observar — e a 700 o número de mísseis implantados e bombardeiros pesados.
Analistas de segurança dizem que a potencial fracasso do tratado, ou falha em substituí-lo quando expirar em 2026, pode desencadear uma nova corrida armamentista em um momento perigoso em que Putin cada vez mais retrata a guerra na Ucrânia como um confronto direto com o Ocidente.
Questionado sobre as circunstâncias em que a Rússia voltaria ao acordo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: “Tudo vai depender da posição do Ocidente… Quando houver disposição para levar em conta nossas preocupações, a situação mudará”.
De acordo com a Interfax, Ryabkov disse: “Vamos, é claro, monitorar de perto as ações futuras dos Estados Unidos e seus aliados, inclusive com vistas a adotar mais medidas em resposta, se necessário”.