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PIB: Brasil cresce tanto quanto a China no 3° trimestre e só fica atrás de Indonésia e México no G20

Por Redação

Em 3 de dezembro de 2024

Projeção de crescimento do Brasil foi revisada por diversos economistas e instituições.

A economia brasileira cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com o segundo trimestre, segundo dados divulgados nesta terça-feira (3/12) pelo IBGE.

O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro se iguala ao da China no período e só fica atrás de Indonésia e México entre os países do G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo).

No acumulado do ano todo, porém, o crescimento da China supera o do Brasil. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o país asiático vá crescer 4,8% em 2024. Já o Brasil deve ter um incremento de 3% no PIB.

Os setores que mais contribuíram para esse crescimento registrado entre julho, agosto e setembro no Brasil foram os serviços (alta de 0,9%) e a indústria (alta de 0,6%).

Já o setor agropecuário recuou 0,9%.

Os números do IBGE mostram que, na área de serviços, “houve expansões em informação e comunicação (2,1%), outras atividades de serviços (1,7%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%), atividades imobiliárias (1,0%), comércio (0,8%), transporte, armazenagem e correio (0,6%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%)”.

“Na indústria, destaca-se o crescimento de 1,3% nas indústrias de transformação. Por outro lado, caíram: construção (-1,7%), eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e indústrias extrativas (-0,3%)”, aponta o IBGE.

Já em comparação com mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 4,0%.

Até o terceiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 3,3% em relação ao mesmo período de 2023.

Em comparação com o ano passado, houve uma queda de 3,5% na agropecuária e um crescimento de 3,5% na indústria e de 3,8% nos serviços.

Os resultados divulgados pelo IBGE estão dentro ou até um pouco acima do que era projeto por diferentes economistas e instituições de pesquisa.

Há no entanto, uma preocupação com o aumento de preços no país. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu o patamar de 4,77%, puxada pelo aumento nos alimentos e nas tarifas de energia elétrica.

Em comparação com outras economias do G20, o Brasil só fica atrás de Indonésia e México, que cresceram 1,5% e 1,1% no período, respectivamente — e aparece empatado com a China.

No terceiro trimestre de 2024, o país está na frente de Arábia Saudita, Estados Unidos e França, entre outros.

Ainda não foram divulgadas informações sobre o PIB no terceiro trimestre na África do Sul, na Argentina, na Austrália, na Índia e na Rússia.

Gráfico do crescimento do PIB no terceiro trimestre de 2024

O Informe Conjuntural da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que analisa o terceiro trimestre de 2024 chama a atencão para o crescimento brasileiro num “ritmo acima das expectativas”.

“Boa parte da surpresa com o ritmo mais elevado de crescimento no primeiro semestre de 2024 se deve à expansão fiscal. O aumento de gastos com pessoal, a antecipação do calendário de transferências de renda, as despesas relacionadas à recuperação do Rio Grande do Sul e o aumento dos benefícios e do número de beneficiários da previdência são alguns destaques de uma série de despesas que levou a uma forte elevação do impulso fiscal no período”, diz o texto.

“Além disso, há o mercado de trabalho, que continua aquecido. A ocupação segue em elevação em um cenário de taxa de desemprego baixa, ambiente que vem proporcionando altas reais expressivas do rendimento do trabalho. Com isso, a taxa de crescimento real da massa salarial se ampliou no primeiro semestre de 2024, mostrando alta superior às já significativas taxas dos últimos dois anos.”

Atualmente, a taxa de desemprego no Brasil medida pelo IBGE está em 6,2% — o menor patamar já registrado.

O relatório aponta que a soma da expansão fiscal com a elevação da massa salarial e o aumento do crédito tem impulsionado o consumo das famílias — o crescimento do PIB neste ano, aliás, está mais relacionado à demanda interna do que ao cenário internacional, de acordo com o CNI.

O texto alerta para o impacto futuro de fatores como a seca intensa, as queimadas, a depreciação cambial e os aumentos dos preços da energia elétrica e dos combustíveis na inflação — que “tem se aproximado do teto da meta de 4,5%, mas segue em menor nível que o registrado no final de 2023”.

Já o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (PIB-FGV) também destaca o “bom desempenho da economia” entre julho e setembro — contrariando as expectativas de uma queda dos números.

“Pela ótica da produção, o grande destaque é o forte crescimento da indústria, que ocorreu de forma disseminada. Além disso, o setor de serviços também cresceu, a despeito de ter desacelerado, enquanto a agropecuária retraiu no trimestre”, analisa Juliana Trece, coordenadora do PIB-FGV.

“Pela ótica da demanda, o consumo e os investimentos seguem em trajetória de crescimento pelo terceiro e quarto trimestre consecutivos, respectivamente”, complementa ela.

O relatório da FGV aponta crescimentos sólidos em quesitos como consumo das famílias (aumento de 4,5% no terceiro trimestre), Formação Bruta de Capital Fixo—- FBCF (+9,7%), exportação (+2,4%) e importação (+20,2%).

Já o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) revisou no final de setembro a projeção de crescimento do país em 2024 para 3,3%.

Para 2025, o órgão espera que o país cresça 2,4%.

“Ao contrário do que se poderia pensar em junho […] os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o PIB agregado parecem ter se exaurido no curto prazo”, aponta a análise.

“Impulsionado pela boa evolução do mercado de trabalho e por melhores condições de acesso ao crédito, o desempenho das vendas de bens e serviços às famílias manteve a tração ao longo de 2024, e segue como principal driver da economia.”

“Após um ano de 2023 decepcionante, a demanda por bens de capitais também se destacou positivamente, potencializando uma recuperação verificada na indústria de transformação, embora num ritmo ainda modesto”, analisa o Ipea.

Homens usam telhas para navegar por área de enchente no Rio Grande do Sul

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Impacto das enchentes no Rio Grande do Sul na economia foi menor do que o esperado

Crescimento ‘estável’ entre países mais ricos

Um relatório publicado no final de novembro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) destaca que as principais economias do mundo apresentam uma tendência de estabilidade do ponto de vista econômico.

O PIB dos países que fazem parte da organização cresceram 0,5% no terceiro trimestre de 2024 ante 0,4% registrado no segundo trimestre.

O texto destaca que o crescimento do PIB do G7 — grupo que reúne Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e União Europeia — também manteve-se inalterado entre julho e setembro deste ano.

Mas os resultados de cada nação mostram “resultados mistos”.

“Enquanto o crescimento dos Estados Unidos manteve-se estável no terceiro trimestre em 0,7%, houve uma desaceleração no Canadá e no Japão (de 0,5% no segundo trimestre para 0,2% em ambos os países), no Reino Unido (de 0,5% para 0,1%) e na Itália (de 0,2% para 0,0%)”, aponta o relatório.

A OCDE destaca que a queda no Japão — que recentemente perdeu o posto de terceira economia do mundo para a Alemanha — reflete reduções nos investimentos, na exportação de serviços e no turismo.

“Na Itália, a redução do crescimento foi relacionada a uma contribuição negativa do comércio líquido (exportações menos importações) e refletiu principalmente uma diminuição do valor agregado na agricultura, na silvicultura, na pesca, e na indústria”, analisa a organização.

Já no Reino Unido, a falta de estoques de insumos e produtos foi apontada como a principal causa da desaceleração.

Entre as nações do G7 com resultados positivos, a OCDE destaca a aceleração na França, que registrou um crescimento de 0,4% no terceiro trimestre (ante 0,2% no segundo tri).

O principal fator dessa subida foi o aumento do consumo, catapultado pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Paris.

Houve também uma recuperação na Alemanha, que veio de uma queda de 0,3% no segundo trimestre para um crescimento de 0,2% entre julho e setembro deste ano.

Mulher trabalhando em fábrica

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Economia da Ásia foi impulsionada pelo setor de tecnologia e pelos investimentos em inteligência artificial

China e Índia em ritmo forte

Um estudo publicado em outubro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) com projeções e análises sobre o terceiro trimestre de 2024 também destaca o cenário de estabilidade global, apesar das variações regionais.

O FMI calcula um crescimento global de 3,2% do PIB tanto em 2024 quanto em 2024 — e descreve esse desempenho como “medíocre” em comparação com as taxas registradas antes da pandemia de covid-19.

O relatório aponta que não há nenhuma surpresa com o fato de mercados emergentes e economias em desenvolvimento terem um crescimento mais rápido, de 4,2%, enquanto as economias avançadas devem subir 1,8%.

Mas o texto alerta para “interrupções na produção e no transporte de commodities — especialmente petróleo — conflitos, distúrbios civis e eventos climáticos extremos”, que vão impactar negativamente as perspectivas para o Oriente Médio, a Ásia Central e a África Subsaariana.

O FMI também destaca o desempenho de Índia (crescimento projetado de 7% em 2024 e 6,5% em 2025) e China (4,8% e 4,5%, respectivamente).

Segundo a entidade, o crescimento dessas duas nações e dos países asiáticos no geral foi marcado pelo aumento na demanda por semicondutores e eletrônicos, em razão dos investimentos em inteligência artificial.

“Reformas estruturais são necessárias para elevar as perspectivas de crescimento de médio prazo, enquanto o apoio aos mais vulneráveis ​​deve ser mantido”, diz o texto.

O fundo também identifica alguns “desafios estruturais persistentes”, caso de envelhecimento populacional e baixa produtividade, como alguns dos fatores que impedem um crescimento econômico mais acelerado.

Por fim, o texto destaca alguns temores e ameaças — como as repercussões das tensões geopolíticas, a volatilidade de mercados, os picos nos preços de commodities e possíveis fragilidades do setor imobiliário chinês.

Sobre o Brasil, o FMI projeta um crescimento de 3% em 2024 e 2,2% em 2025 — números que foram revisados para cima recentemente por causa de fatores como elevações do consumo e do investimento privado, melhora do mercado de trabalho, políticas governamentais e um menor impacto do que o esperado das enchentes no Rio Grande do Sul.

“No entanto, com a política monetária ainda restritiva e o esperado esfriamento do mercado de trabalho, espera-se que o crescimento no Brasil fique mais moderado em 2025”, conclui o relatório.

Fonte: BBC

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