A ofensiva do Talibã no Afeganistão, que depois de uma semana de violência ininterrupta ameaça a capital, Cabul, aumentou a pressão sobre Washington tanto do ponto de vista político quanto humano, no próprio terreno. A Administração de Joe Biden decidiu reduzir a maior parte do pessoal na Embaixada e enviar cerca de 3.000 soldados à região para garantir a segurança da retirada de civis norte-americanos, enquanto mantém seu plano de concluir a retirada militar do país em 31 de dezembro.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, anunciou a medida nesta quinta-feira, o mesmo dia em que o grupo fundamentalista radical conquistou Herat, a terceira maior cidade do Afeganistão, no oeste do país. Antes o tinha feito com Ghazni, uma cidade estratégica a apenas 150 quilômetros de Cabul. No total, são 11 capitais de província que sucumbiram ao ataque do Talibã em uma semana, em uma escalada bélica que demonstrou a insuficiência do Exército afegão sem o apoio dos Estados Unidos e dos aliados da OTAN, todos em fase de retirada.
“Trabalhamos duro para melhorar a competência e capacidade [das forças de segurança afegãs] no terreno, mas chega um momento em que essa capacidade é da competência dos afegãos”, disse Kirby em uma coletiva de imprensa, enfatizando com essas palavras a mensagem à qual Biden se agarra diante de uma decisão complicada, a de dar por terminada sua campanha no Afeganistão depois de 20 anos e deixar o Governo e o Exército afegãos lidarem praticamente sozinhos com a ameaça do Talibã.
Depois de deixar a base aérea de Bagram, próxima de Cabul e a última ativa usada pelo Exército norte-americano, Washington mantinha apenas uma tropa de 650 soldados para proteger o aeroporto de Cabul e sua Embaixada na capital. O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, informou nesta quinta-feira sobre a evacuação de boa parte do pessoal da missão, mas não especificou os números e se limitou a apontar que haveria uma equipe básica para continuar com os serviços diplomáticos e consulares.