Um navio tombado, um comandante irresponsável e um acidente que causou mais de 30 mortes no mar na Itália completam 10 anos nesta quinta-feira (13). O cruzeiro Costa Concordia tombou na costa da Isola del Giglio, na Toscana, após uma manobra malsucedida do capitão Francesco Schettino.
No dia 13 de janeiro de 2012, o Costa Concordia se chocou com um aglomerado de rochas e naufragou. A embarcação teve o casco perfurado pelas pedras.
O erro causou um corte na corrente elétrica, que também afetou o gerador que existia dentro do barco.
Durante o julgamento do agora ex-capitão, alguns tripulantes disseram que ele teria feito a manobra para chamar a atenção de uma dançarina moldava com quem estava tendo um caso extraconjugal.
‘Vada a bordo, cazzo’
Schettino foi um dos primeiros a abandonar o navio. Segundo ele, o choque o ejetou e, como o seu substituto estava trabalhando, ele decidiu que não seria bom voltar, já que as medidas de naufrágio seriam conduzidas pelo “comandante reserva”.
A polícia, em suas investigações, encontrou um telefonema do ex-capitão com a Guarda Costeira. Na ligação, Gregorio de Falco (representante da Guarda) ordenou para que Schettino voltasse e ajudasse no resgate das mais de 4.200 pessoas presas na embarcação (ordem que não foi obedecida). Durante o diálogo, reproduziu uma frase que ganhou fama mundial imediatamente: “Vada a bordo, cazzo”.
“Ouça, Schettino, talvez você tenha se salvado do mar, mas eu vou fazer você ficar muito mal. Farei você pagar por isto. Vá para bordo!”, gritou De Falco para Schettino. A palavra italiana que De Falco usou, “cazzo”, é uma gíria para o órgão sexual masculino, mas é usada corriqueiramente na Itália para enfatizar alguma coisa.
O episódio gerou muita repercussão na época e resultou em um movimento virtual com a frase dita por Gregorio. A expressão chegou a ser estampada em camisetas e vendida na internet.
O que aconteceu com o comandante?
Logo após a tragédia, Francesco Schettino foi afastado das suas funções na empresa e ficou detido em prisão domiciliar até julho do mesmo ano (2012).
Depois desse período, o ex-comandante assumiu uma posição defensiva em relação ao ocorrido. Em sua primeira entrevista depois do acidente ele pediu desculpas ao povo italiano e reconheceu a culpa pelo ocorrido.
Schettino foi processado e, durante seu julgamento, disse que deveria ter sido avisado pelas pessoas que estavam na ponte de comando:
Com o avanço das investigações, o italiano foi julgado e condenado a 16 anos de prisão por homicídio, naufrágio e por ter abandonado o navio. Hoje, ele está cumprindo a pena no centro de detenção de Rebibbia, em Roma.
O que aconteceu com o Costa Concordia
Após ter sido afundado por Schettino, o navio teve mais da metade do seu casco submerso na costa da Isola del Giglio, na Toscana.
Mais de dois anos e meio depois do acidente, o navio foi resgatado e retirado da água.
Em setembro de 2013, a defesa civil italiana anunciou que havia encontrado uma maneira de retirá-lo das rochas — mas a operação só foi começar em setembro de 2014.
Foram estendidos cabos no topo do navio para que ele não escorregasse durante o resgate. Depois foi projetado um fundo falso para preencher o espaço vazio entre a embarcação e o fundo do mar da região. Além disso, alguns tanques de metal foram instalados para funcionarem como boias.
Após ser retirado das rochas e carregado por esses equipamentos, o Costa Concordia foi rebocado até o porto de Gênova e, posteriormente, desmontado.
Como era o navio?
O Costa Concordia havia entrado em atividade em 2006 e era o modelo mais luxuoso da empresa Costa Cruzeiros.
A embarcação tinha 290 metros de comprimento e pesava 112 mil toneladas. Além disso, tinha capacidade para 3.780 passageiros e mais 1.100 tripulantes.
A embarcação continha vários andares e dispunha de muitas atrações. Entre elas destacavam-se quatro piscinas, centro esportivo de 2 mil m², teatro com 3 andares e vários outros luxos.