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Trono de rainha da cultura Moche e “Sala de Serpentes” são descobertos no Peru

Por Redação

Em 2 de outubro de 2024

Figura moche com corpo humano e traços de aranha, segurando uma taça, presente em pilar da ‘sala do imaginário moche’ — Foto: Lisa Trever/Paisajes Arqueológicos de Pañamarca

Em julho deste ano, pesquisadores que trabalham no sítio arqueológico de Pañamarca, no Peru, descobriram uma sala do trono com pilares, pinturas e evidências de que foi utilizada por uma importante líder da sociedade Moche. A novidade foi divulgada no dia 24 de setembro pelo projeto Paisagens Arqueológicas de Pañamarca.

A sociedade Moche prosperou entre 350 d.C. e 850 d.C. nos vales costais no norte do Peru. Pañamarca foi o centro dessa cultura, que é famosa por suas elaboradas tumbas, arquitetura, artefatos complexos, representações artísticas detalhas e imagens religiosas.

Desde 2018, a iniciativa conduz investigações no local, com objetivo de entender o que aconteceu na região no passado. Trata-se de uma colaboração entre arqueólogos, historiadores de arte e curadores peruanos e estadunidenses que é apoiada pela National Geographic Society, a Universidade Columbia e o Centro de Conservação Avenis do Museu de Natureza e Ciência de Denver.

Segundo Jessica Ortiz Zevallos, a diretora do projeto, a descoberta aconteceu no que chama de “sala do imaginário moche”, que é rodeada por paredes e pilares ilustrados com cenas de uma mulher poderosa sentada no trono e recebendo visitantes em cortejo.

Anteriormente, a equipe do projeto já tinha documentado outras pinturas presentes nas superfícies da sala, como uma que mostra homens e mulheres bem vestidos, além de representações de cães, cervos, serpentes e batalhas entre um herói mítico moche e seus inimigos no mar.

A mulher poderosa que aparece nas pinturas — tanto das superfícies quanto o próprio trono — está associada à lua crescentes, ao mar e suas criaturas, e as artes em fio e no tecido. “Pañamarca segue nos surpreendendo”, afirma Lisa Trever, professora de História da Arte da Universidade Columbia, em comunicado. “Não só pela inesgotável criatividade de seus pintores, mas também porque as obras estão mudando nossas expectativas sobre os papéis de gênero do antigo mundo moche.”

Inicialmente, os arqueólogos discutiram a possibilidade de a mulher das pinturas ser mítica, talvez uma sacerdotisa ou deusa. As evidências físicas no trono foram essenciais para reforçar a hipótese de que ela foi uma pessoa real, uma líder de Pañamarca no século 7 d.C.. Entre as provas, estão a erosão no encosto do trono e a restauração de contas de pedra verde, fios finos e até mesmo cabelo humano.

A Sala das Serpentes

As escavações em Pañamarca também revelaram uma estrutura enorme até então desconhecida pelos pesquisadores: a Sala das Serpentes Entrelaçadas, que foi construída a partir de pilares espessos — muitos decorados com pinturas de um ser cujo corpo é uma mistura de serpentes entrelaçadas com pernas humanas — sobre plataformas perto da grande praça de Pañamarca. Outras superfícies tinham ainda representações de guerreiros, armas antropomorfizadas e um monstro perseguindo um homem.

A Sala das Serpentes passou por várias restaurações, revelando oferendas materiais, marcas de fogueira, revestimentos dos pisos e o branqueamento das paredes que já foram decoradas.

“Situada em cima da praça, essa sala oferecia uma posição proeminente, quase como os palcos de um teatro ou estádio, que permitiam observar o que acontecia embaixo, ao mesmo tempo proporcionando espaço privados para os ocupantes mais privilegiados”, afirma Michele L. Koons, arqueóloga Museu de Natureza e Ciência de Denver, também em comunicado.

Apesar da riqueza de descobertas, atualmente turistas não têm acesso às pinturas nas paredes de Pañamarca por conta de sua fragilidade.

Fonte: Galileu

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Crédito: Coxim Agora.