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Há cerca de mil anos atrás, pagãos que viviam perto do Mar Báltico importavam cavalos de seus vizinhos cristãos da Escandinávia. Segundo um estudo publicado na sexta-feira (17) no periódico Science Advances, esses animais eram sacrificados ou, por vezes, enterrados vivos.
Até então, acreditava-se que os cavalos sacrificados eram de fontes locais. Mas, ao analisarem restos desses animais encontrados em covas na Rússia e na Lituânia, pesquisadores da Universidade Cardiff, no Reino Unido, descobriram que eram importados da Escandinávia por meio das redes de comércio entre o mundo Viking com os impérios Bizantino e Persa. Assim, cavalos da Suécia ou da Finlândia viajavam até 1.500 quilômetros através do Mar Báltico.
“As rotas de comércio da Era Viking iam da Islândia, Inglaterra e Irlanda modernas até o leste, para os impérios Bizantino e Persa no leste. A presença de comerciantes em um dos cemitérios de cavalos aponta para o papel dos cavalos nessas vibrantes redes de comércio”, disse a Dr. Katherine French, da Escola de História, Arqueologia e Religião da Universidade Cardiff e líder do estudo, em comunicado.
O estudo usou uma técnica chamada isótopos de estrôncio nos dentes de 74 animais para identificar de onde vieram. A química do solo, água e plantas reflete a geologia do local de origem. Essa assinatura química é absorvida pelos animais durante a alimentação e fica no esmalte dos dentes deles.
![Katherine French examinando mandíbula de cavalo — Foto: Universidade Cardiff](https://s2-galileu.glbimg.com/Wtaxj-7hJJvxADJIlIcz8YMTpPM=/0x0:1200x675/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/A/B/miDCfdShOcMhuqiOeoHw/pagaos-cavalos2.jpg)
Pagãos do Báltico
Os rituais de sacrifício de cavalos eram visíveis e públicos na Europa pagã, persistindo nas últimas tribos bálticas até o século 14. As covas desses rituais podiam ter um ou vários cavalos inteiros ou só partes deles. Em vários cemitérios das regiões, os equinos eram enterrados separadamente dos humanos, apesar de haver vários exemplos de resquícios dos animais nas cinzas de cremações humanas.
“A pesquisa desmantela teorias anteriores de que cavalos locais eram exclusivamente selecionados para o sacrifício”, afirmou a Dr. Katherine French. “Levando em conta a predominância de éguas, acreditamos que o prestígio do animal vindo de longe era um fator mais importante no motivo de ser escolhido para o ritual.”
Para o coautor do estudo, Dr. Richard Madgwick, também da Escola de História, Arqueologia e Religião da Universidade Cardiff, as tribos pagãs do Báltico sem dúvida estavam comprando cavalos no exterior de seus vizinhos cristãos, enquanto resistiam em se converter na religião deles. “Este conhecimento atualizado sobre o sacrifício de cavalos ressalta o dinamismo e a complexidade da relação entre as comunidades pagãs e cristãs da época.”
Fonte: Galileu