
Um país que não aparece na lista de tarifas de importação impostas pelo presidente americano Donald Trump aos parceiros comerciais americanos é a Rússia.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, justificou a ausência, segundo o portal de notícias Axios, afirmando que as sanções americanas já existentes contra a Rússia “inviabilizam qualquer [volume de] comércio significativo” com o país.
Ela destacou que as novas tarifas também não atingiram Cuba, Belarus e a Coreia do Norte.
Mas países com volume de comércio ainda menor com os Estados Unidos constam da lista de tarifas. Um exemplo é a Síria, que exportou US$ 11 milhões (cerca de R$ 61,8 milhões) em produtos para os americanos no ano passado, segundo dados das Nações Unidas mencionados pelo portal Trading Economics.
Durante a gestão Joe Biden, os Estados Unidos impuseram amplas sanções à Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022. Trump tem, contudo, mantido uma postura mais amistosa em relação a Moscou desde seu retorno à Casa Branca em janeiro.
Trump fez do fim da guerra sua prioridade. E uma importante autoridade russa — o diretor do Fundo Russo de Investimentos Diretos, Kirill Dmitriev — está nesta semana na capital americana, Washington.
Seu objetivo é se reunir com membros do governo americano e dar continuidade às negociações para um acordo de paz.
Em março, Donald Trump ameaçou impor tarifas de importação de 50% aos países que importam petróleo da Rússia caso o presidente russo Vladimir Putin não concordasse com um cessar-fogo.
Na quinta-feira, a imprensa russa também argumentou que seu país não estava na extensa lista de tarifas americanas devido às sanções já existentes.
“Nenhuma tarifa foi imposta à Rússia, mas não devido a algum [tipo de] tratamento especial”, declarou a TV estatal Rossiya 24. “Foi simplesmente porque já existem sanções do Ocidente em vigor contra o nosso país.”
A emissora afiliada Rossiya 1 noticiou que a ausência da Rússia na lista afirmando que medida tinha vindo “para decepção de muitos no Ocidente”.
Vários órgãos noticiosos controlados pelo Kremlin fizeram referência específica ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. À emissora americana Fox News, ele declarou: “Rússia e Belarus, não fazemos comércio com eles. Eles têm sanções.”
Segundo o Escritório do Representante Comercial americano, em 2024, os Estados Unidos importaram da Rússia US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 19,7 bilhões) em produtos.
As importações consistiram basicamente de fertilizantes, combustível nuclear e alguns metais, segundo o portal Trading Economics e a imprensa russa.
Parte da cobertura russa assumiu um tom sarcástico. O canal pró-Kremlin NTV declarou que o presidente Trump trata os aliados americanos na Europa como “servos”, que só respondem com “lamúrias”.
Outros — como a Zvezda TV, administrada pelo ministério russo da Defesa — destacaram a inclusão das desabitadas ilhas Heard e McDonald na lista de tarifas.
“Parece que alguns pinguins terão que pagar a tarifa de 10%”, zombou a Zvezda.
E a Ucrânia?
Já a Ucrânia passa a enfrentar uma tarifa de 10% sobre suas exportações para os Estados Unidos.
A vice-primeira-ministra do país, Yulia Svyrydenko, declarou que a nova tarifa de importação dos Estados Unidos irá atingir principalmente os pequenos produtores.
Ela também afirmou que a Ucrânia está “trabalhando para garantir melhores condições” de comércio com os americanos.
Em 2024, a nação exportou US$ 874 milhões (cerca de R$ 4,9 bilhões) em produtos para os Estados Unidos e importou US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 19,1 bilhões), segundo a vice-primeira-ministra.
“A Ucrânia tem muito a oferecer aos Estados Unidos, como parceira e aliada confiável”, declarou Svyrydenko. “Tarifas justas beneficiam os dois países.”
Apesar da pequena escala de comércio, os Estados Unidos forneceram apoio material significativo para a guerra contra a Rússia. Trump defende que seu país gastou algo entre US$ 300 bilhões e US$ 350 bilhões (cerca de R$ 1,69 trilhões a 1,97 trilhões) em auxílio.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que foram “apropriados” US$ 182,8 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) à Operação Atlantic Resolve, destinada a reforçar as defesas da Otan em resposta à guerra na Ucrânia.
Este número inclui o treinamento militar americano na Europa e o reabastecimento de material de defesa.
Os Estados Unidos também tentam firmar um acordo de acesso a minerais ucranianos como parte das negociações para pôr fim à guerra no país.
Fonte: BBC