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Indígenas de MS terão ‘crachá QR code’ para retirar cesta alimentar

Por Redação

Em 15 de outubro de 2024

Recadastramento de indígenas aldeados e ribeirinhos, iniciado nessa semana pela Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead), dará para os povos originários sul-mato-grossenses um “crachá QR code” para identificação na costumeira entrega de cestas alimentares fornecidas pelo Governo do Estado.

Esse processo de “digitalização indígena”, segundo o Governo em nota, busca atualização da base de dados; modernização e facilitação na entrega para uma “destinação correta de alimentos” através do controle digital.

Aldeias de Sidrolândia passaram a receber ainda ontem (14) funcionários do programa Mais Social – devidamente identificados, como frisa a titular da Sead, Patrícia Cozzolino -, que nessa semana estendem o trabalho até Dois Irmãos do Buriti.

Segundo a secretária, o recadastramento dos povos indígenas segue um dos pilares do Governo de Mato Grosso do Sul: “tornar os serviços digitais, modernos e cada vez mais transparentes”.

“É garantir que o alimento chegue a essas pessoas que mais precisam e ter esse controle digital”, expõe a titular da Sead em nota.

Basicamente, os cartões com QR code servirão como uma espécie de crachá, com o nome do programa “Mais Social In Natura MS”, logo do governo diferenciados apenas pelas colorações (azul e verde).

Isso porque, os de coloração azul trazem a identificação do beneficiário em si, contendo:

  • Foto;
  • Nome e iniciais;
  • Etnia e 
  • Número de NIS. 

Já os de cor verde, servirão para que pessoas autorizadas pelo titular possam retirar o alimento, caso o beneficiário não possa comparecer, contendo as seguintes informações:

  • Nome e iniciais; 
  • Foto (opcional) 
  • Etnia 
  • Número de RG (Registro Geral) 

    Cesta ‘culturalmente incorreta’

    Conforme o Governo do Estado, as cestas entregues em 86 aldeias de 27 municípios seguem trazendo os mesmos itens há tempos, contendo:

    • Arroz,
    • Feijão,
    • Sal,
    • Macarrão,
    • Leite em pó,
    • Óleo,
    • Açúcar,
    • Fubá,
    • Charque,
    • Canjica e
    • Erva de tereré.

    Originária do povo Terena, da Aldeia Bananal, a chefe sul-mato-grossense de renome – com partições inclusive como especialista convidada no reality culinário MasterChef BR -, Kalymaracaya Nogueira, já comentou ao Correio do Estado o quanto os alimentos ofertados pelo Governo fogem da cultura tradicional.

Segundo a chefe, em entrevista ao Correio do Estado em agosto do ano passado, a cesta oferecida pelo Governo do Estado aos indígenas de Mato Grosso do Sul só continha dois itens “culturalmente corretos”.

Sendo que, à época, o fubá e a farinha de mandioca eram os únicos corretos na cesta conforme a chefe, agora, o segundo nem aparece na relação atualizada dos itens fornecidos pelo Governo do Estado.

“Culturalmente correto não porque alguns itens são causadores de doenças como: sal, sardinha enlatada (hipertensão); açúcar, trigo (diabete) óleo de soja (colesterol)”, frisa Kalymaracaya.

Conforme a chefe, estudos indígenas já sinalizavam que era viável para esses povos originários produzirem os próprios alimentos, devido ao trabalho tradicional junto à terra; por possuírem as sementes orgânicas e terem, principalmente, o conhecimento ancestral necessário para o cultivo.

Ainda que os povos originários já pratiquem atividades como: a produção de milho; extração de castanhas do cerrado; plantações de abóboras, não há uma política pública em destaque que fomente essas práticas.

“Mas o que o governo busca fazer: colocam para dar essas cestas justamente para ganhar algo com isso, é mais importante para eles a entrega do que nós mesmos trabalharmos a terra”, complementa ela.

Fonte: Correio do Estado

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