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Insegurança alimentar pode ser combatida com plantas alimentícias

Por Redação

Em 7 de fevereiro de 2023

O aproveitamento dos alimentos pode sanar a demanda de insegurança alimentar de grande parte da população mundial. Além dos vegetais comercializados em hortas, feiras e mercados, as plantas alimentícias não convencionais (Panc) podem ganhar protagonismo na mesa da população brasileira.

Grande parte desses alimentos apresenta valor nutricional igual ou superior a hortaliças, raízes, tubérculos e frutas.

Visando difundir o potencial das Panc na alimentação, a estudante Isabella Borges, do curso de Nutrição de uma faculdade particular de Brasília (DF), realizou uma pesquisa sobre os hábitos de consumo relacionados aos alimentos não convencionais, que, à exceção de alguns hábitos regionais, são geralmente desconhecidos.

Com a alimentação cada vez mais baseada em produtos industrializados, as diversas espécies nativas de plantas com um alto potencial econômico e nutricional tendem a continuar no desconhecimento.

Ao todo, 5 mil espécies de plantas e vegetais podem ser utilizadas para a alimentação, mas, dessas, apenas 130 são de fato cultivadas e consumidas e apenas 30 suprem as necessidades básicas de alimentação da população.

AIPO E TAIOBA SIM

“Isso demonstra a reduzida variedade na alimentação e a necessidade de conscientização a respeito das plantas alimentícias não convencionais para a melhora da qualidade de acesso e aumento do consumo de alimentos de origem vegetal”, destaca Isabella Borges.

Para avaliar o conhecimento da população sobre o consumo das Panc, a pesquisadora entrevistou 303 pessoas, entre 18 e 75 anos, indagando sobre o aproveitamento de partes comestíveis de alimentos, espécies mais consumidas e formas de preparo.

Quando questionados sobre o conhecimento do que são plantas alimentícias não convencionais, 53,5% dos entrevistados responderam não conhecer sobre, enquanto 46,2% possuíam algum tipo de conhecimento do termo.

Ao apresentar uma lista de Panc, foram reconhecidas as seguintes espécies: aipo (58,6%), como a mais consumida, seguida da taioba (46%) e da ora-pro-nóbis (45,4%).

SOBERANIA ALIMENTAR

Isabella Borges afirma que, explorando a biodiversidade brasileira e usufruindo do seu elevado potencial nutritivo, pode-se mudar o cenário de insegurança alimentar.

Ela explica que as Panc têm baixo custo, visto que não necessitam de condições especiais para se reproduzirem, têm fácil reprodutividade, ajudam a variar sabores e coloração dos pratos, “garantindo um melhor aporte de vitaminas e minerais e fortalecendo a soberania alimentar de muitas famílias, além de serem uma ótima fonte de renda”, frisa.

Para a professora Alessandra Santos, responsável pela orientação do projeto, que foi desenvolvido no âmbito do curso de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (Ceub), do ponto de vista nutricional, as Panc se enquadram no contexto de dietas saudáveis e sustentáveis, pois, além de nutritivas e saborosas, são importantes para a preservação da biodiversidade da fauna e da flora brasileiras.

“Esse cultivo caminha contra o atual sistema de produção do Brasil, tido como líder do agronegócio, que propaga o cultivo de monoculturas, responsáveis pela redução dessa biodiversidade”, considera a professora.

PANC NO BRASIL

O Brasil está entre um dos países com a maior biodiversidade de fauna e flora no mundo. Entretanto, o seu sistema agroalimentar ainda é nutrido por uma raiz agrícola convencional e por um padrão alimentar habitual industrializado e limitado.

De acordo com a pesquisa de Isabella Borges, a questão da insegurança alimentar pode ser solucionada por meio de recursos que possibilitem o acesso a alimentos saudáveis e ao conhecimento desses, respeitando sempre a variedade alimentar, cultural, ambiental, econômica e sustentável.

Podendo ser espontâneas, cultivadas, nativas ou exóticas, as Panc podem ser encontradas em quintais ou até mesmo em áreas comuns de cultivo agrícola, mas acabam sendo consideradas plantas invasoras ou daninhas e desperdiçadas sem o conhecimento de que servem como fonte alimentar.

HÁBITOS REGIONAIS

Alimentos como folhas de batata-doce, umbigo de bananeira, maxixe, ora-pro-nóbis e jambu são conservados e utilizados em alguns estados brasileiros, porém, a maioria dos hábitos alimentares regionais não chega ao conhecimento da população nas grandes cidades.

A partir do resultado, Isabella Borges defende a divulgação do potencial econômico e nutricional das Panc, contribuindo para uma maior diversidade alimentar e preservando a biodiversidade regional.

“Não existem feiras e locais onde essas plantas podem ser encontradas, embora estejam presentes em diversas regiões. É necessário, também, investir em acesso ao conhecimento científico, até aos produtores, além de suas formas de preparo e de consumo,” completa a pesquisadora.

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