Com que frequência você lava suas calças jeans? Quando viaja de avião, são viagens longas? Prefere comprar tomates embalados, avulsos ou em conserva? Quantas vezes por semana você come carne?
As perguntas soam, a princípio, muito específicas. Mas são essenciais para entender o rastro que seus hábitos de consumo e escolhas individuais deixam no planeta.
Foi em uma conversa com o marido, no sofá de casa, que a designer industrial e escritora holandesa Babette Porcelijn percebeu que, apesar de ser especialista na cadeia produtiva de produtos industrializados, não entendia exatamente qual era o impacto do seu estilo de vida no planeta. “Ele me contou que os 16 maiores navios porta-contêineres do mundo juntos emitem a mesma quantidade de enxofre que todos os carros que circulam no mundo! E que perdíamos cerca de 27 milhões de árvores por dia por causa do desmatamento”,”Isso mudou minha maneira de ver nosso impacto ambiental, porque eu achava que estávamos fazendo um ótimo trabalho, pelo menos aqui na Holanda”.Ao pesquisar sobre o tema, Porcelijn percebeu que pelo menos em países ricos como Holanda e Estados Unidos menos de 20% da “pegada ecológica” de cada ser humano é perceptível no dia a dia.
O resto está embutido no ciclo de vida de produtos e serviços — da extração de matérias-primas, passando pelo transporte, até o descarte.
Conseguimos refletir, por exemplo, sobre a energia elétrica gasta para carregar nossos celulares, laptops e outros aparelhos eletrônicos.
Mas falamos pouco sobre as consequências da mineração dos metais necessários para produzi-los ou a quantidade de água utilizada nesse processo.
A principal revelação da pesquisa, conta Porcelijn, é que “o maior impacto ambiental não é causado exatamente pelos carros que dirigimos ou pelo ar-condicionado das casas e, sim, por produtos que consumimos — livros, eletrônicos, roupas, alimentos”. Pelo menos na Holanda e nos Estados Unidos.
O resultado do estudo foi compilado no livro Hidden Impact (“Impacto oculto”, em tradução livre), no qual a autora também dá dicas de como reduzir, de forma prática, o impacto provocado pelas escolhas cotidianas. E sem que seja preciso, necessariamente, mudar radicalmente de hábitos da noite para o dia.
Desde então, a holandesa se dedica em tempo integral a projetos de consultoria e análises de impacto ambiental. Ela esteve em São Paulo para participar do evento What Design Can Do (“O que o design pode fazer”, em tradução livre).
Como calcular?
O que Porcelijn considera como impacto é composto de elementos como uso da água e da terra, desmatamento, mineração e processamento de matérias-primas, esgotamento de recursos naturais, perda de biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa, lixo e uso de combustíveis fósseis.
“O que eu quero fazer é monitorar todo o sistema e incluir todo tipo de impacto. Não só no clima, mas também na natureza, na biodiversidade, todo tipo de poluição”, explica.
“Eu não conseguia encontrar esses dados em lugar nenhum, o que achei muito esquisito. É esse o tipo de coisa que queremos e precisamos saber. Eu tive que ir muito fundo na pesquisa e contratei empresas especializadas para me ajudar.”
Para calcular o impacto da carne, por exemplo, é preciso levar em conta a produção de alimento para o gado e o desmatamento causado para criar o pasto.
Para saber o real impacto de um carro, é necessário incluir a poluição causada pela mineração dos metais utilizados.
No caso de uma calça jeans, deve-se considerar a água utilizada na produção de algodão e também na lavagem do tecido.
A pesquisadora e designer criou uma ferramenta que permite calcular o seu próprio impacto, disponível aqui (em holandês, pode ser traduzida para o português pelo navegador Chrome).
Notícias de Coxim e Mato Grosso do Sul. PROIBIDA A REPRODUÇÃO sem autorização. JORNAL COXIM AGORA LTDA. CNPJ: 40.892.138/0001-67 – Últimas notícias de Coxim, Sonora, Pedro Gomes, Alcinópolis, Rio Verde de MT (MS), Costa Rica, Camapuã, São Gabriel do Oeste e Figueirão.