Distante 58 km de Coxim, o distrito de Jauru, na zona rural do município é sem sombra de dúvidas um local para se conhecer.
A localidade margeada pelo rio Jauru, daí o nome, abriga aproximadamente 40 famílias, possui uma escola, um posto de saúde, três mercearias e contêm em seu entorno inúmeras propriedades rurais que praticam diversas atividades entre elas, roças, ranchos de pesca e a pecuária.
O que chama atenção é a história da localidade, hoje um antigo garimpo, mas que já abrigou um dos grandes pontos garimpo no Brasil nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Isso ocorreu devido a uma alteração realizada na Constituição de 1946 em relação à Carta de 1937, de Getúlio Vargas. A partir desta mudança, não ficava mais explícito que bens minerais eram de propriedade do Brasil, ao contrário do que ocorrera no governo anterior. Inclusive, o distrito é responsável pela migração e colonização de diversas famílias que acabaram se instalando na região em busca do sonho de encontrar metais preciosos, quando esse ciclo foi encerrado, algumas dessas famílias permaneceram no Jauru, praticando outras atividades, entre elas à pesca devido a grande quantidade de peixes que o rio possuía e possui.
No sábado (22) um grupo de alunos da Fundação Educacional de Coxim (FEC) visitou a região e pôde ver na prática como era viver e trabalhar na extração de pedras preciosas utilizando peneiras de garimpo.
O grupo composto por alunos do ensino fundamental e médio da escola, turismólogo Ariel Albrecht, professor Douglas Proença, professor e jornalista Maikon Leal e professora Aline Teodoro, saíram de frente à escola por volta de 07 horas da manhã em um ônibus fretado e tiveram como primeira parada por volta de 08h30min, a Chácara Irmãos de Francisco, de propriedade do casal Edilson e Juliana, que já nos aguardava na propriedade distante 55 km de Coxim, um pouco antes do distrito.
No local, os alunos puderam ter contato com os diversos animais da propriedade, em seguida, fizeram uma trilha ecológica pela chácara passando por diversos pontos de extração de pedras preciosas até o barraco do ex-garimpeiro Anulino Veira da Silva, de 78 anos, que no local, conversou com os estudantes, professores e também contou causos dos tempos áureos do garimpo assim como ele se protegia de animais selvagens que ainda vivem na região como a tão temida onça.
Em seguida, o grupo percorreu uma trilha até um ponto alto da chácara de onde foi possível ver o piscoso rio Jauru e a abundante vegetação em suas margens, local propício para contemplação e fotografias.
Depois, seguiram margeando o rio, acompanhados dos guias locais Edilson e senhor Anulino que demonstraram na prática como era feito todo o processo para se encontrar diamantes no rio Jauru, através do método de extração conhecido como aluvião. Fizeram também, a visitação de uma fenda geológica e uma queda d´água que desagua no rio Jauru.
No retorno, também pela margem do rio, os guias a todo o momento mostraram resquícios de exploração de metais preciosos, uns feitos por peneiras outros feitos por dragas (equipamentos para extração de metais preciosos em grande escala).
Na sede da chácara, fizemos uma pausa para o saboroso almoço, um arroz com frango caipira e feijão, feitos no fogão à lenha, acompanhado de uma salada e suco de limão. Após a refeição, alguns estudantes preferiram relaxar nas sombras das árvores e brincar, enquanto outros utilizaram o wi-fi da propriedade para ter acesso à internet.
Após o merecido descanso, seguimos de ônibus até a Vila do Jauru, parando em frente à residência do ex-garimpeiro e pescador Odesvaldo Celestino de Oliveira, de 78 anos que recebeu a todos e contou causos sobre a Vila dos Diamantes. Odesvaldo é uma figura muito querida no Jauru, conhecedor de muitas histórias, inclusive, ele serviu de inspiração para o escritor catarinense Dário Beduschi escrever o romance Rio Jauru, Natureza e Paixão.
Por fim, fizeram um tour pela localidade conhecendo os pontos turísticos, o grupo acabou sendo acolhido pelas pessoas que ali vivem e que de alguma forma contribuíram e contribuem com o Jauru que é um patrimônio cultural, histórico e turístico a ser lapidado.
Fonte: Maikon Leal – Coxim Agora