Relatório produzido por cientistas que integraram missão da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Wuhan, na China, apontou que o novo coronavírus possivelmente foi transmitido de morcegos para humanos por meio de outro animal.
O documento (íntegra – 6 MB), divulgado nesta 3ª feira (30.mar.2021), investiga os fatores que deram origem à pandemia de covid-19. Os pesquisadores passaram 27 dias na China, com foco na região onde foram notificados os primeiros casos de covid-19.
Os cientistas disseram ser “entre provável e muito provável” que, depois de atingir os morcegos, o vírus tenha passado por um animal intermediário antes de infectar humanos.
Segundo o trabalho, foram encontrados vírus similares em pangolins, mamíferos que vivem em zonas tropicais da Ásia e da África.
Os especialistas sugerem ainda estudos adicionais para investigar a infecção pelo vírus causador da covid-19 em animais, como gatos e visons (mamífero da família dos mustelídios, como o “furão”).
O documento diz ser “improvável” que a cadeia de transmissão entre animais e humanos tenha ocorrido pelo consumo de carnes congeladas.
Eis os responsáveis pelo estudo:
- Prof. Dr. Thea Fisher (Dinamarca);
- Prof. John Watson (Reino Unido);
- Prof. Dr. Marion Koopmans (Holanda);
- Prof. Dr. Dominic Dwyer (Austrália);
- Vladimir Dedkov (Rússia);
- Dr. Hung Nguyen-Viet (Vietnã);
- Dr. Fabian Leendertz (Alemanha);
- Dr. Peter Daszak, Ph.D (Estados Unidos);
- Dr. Farag El Moubasher (Catar); e
- Prof. Dr. Ken Maeda (Japão).
A equipe inclui ainda 5 especialistas da OMS coordenados pelo Dr. Peter Ben Embarek; 2 representantes da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação); e 2 integrantes da OIE (Organização Mundial para a Saúde Animal). Outros 17 especialistas chineses também integram o grupo.
CIENTISTAS QUESTIONAM MISSÃO
Em março, um grupo de cientistas pediu investigação independente sobre o surgimento do coronavírus causador da covid-19. Dizem acreditar que o Sars-CoV-2 pode ter surgido em um laboratório chinês, diferentemente do que apontam os especialistas da OMS enviados à China.
Em carta aberta, publicada pela 1ª vez no The Wall Street Journal e no Le Monde, o grupo lista o que vê como falhas no inquérito da OMS e sugere que outra investigação, com acesso total aos registros da China, seria a mais adequada.
Na documento, os signatários afirmam que a equipe teve acesso negado a alguns registros e não investigou laboratórios na China: “As conclusões da equipe, embora potencialmente úteis até certo ponto, não representam nem a posição oficial da OMS nem o resultado de uma investigação irrestrita e independente”.