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Quando as vacinas 100% nacionais contra a Covid-19 ficarão prontas?

Por Redação

Em 27 de março de 2021

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Na sexta-feira (26/3), dia em que novo recorde de mortes causadas pela Covid-19 foi registrado no Brasil, surgiram anúncios oficiais dos governos de São Paulo e federal sobre o desenvolvimento de dois imunizantes 100% nacionais, o que livraria o país das negociações com fornecedores de insumos e farmacêuticas internacionais e ampliaria a disponibilidade de vacinas para a população.

As expectativas em relação à Butanvac, do Instituto Butantan, e à Versamune, da Universidade de São Paulo, apoiada pelo governo federal, contudo, precisam ser calibradas, pois ambas estão pedindo autorização para início dos ensaios clínicos, fase em que a segurança e a eficácia dos imunizantes começam a ser avaliadas em humanos. Para as vacinas contra a Covid-19 que já estão com uso aprovado no mundo, o intervalo entre o início dos ensaios clínicos e a autorização de aplicação concedida por agências reguladoras foi de ao menos 10 meses.

O governo de São Paulo garantiu que o imunizante paulista estaria pronto para a aprovação ainda em julho deste ano. Especialistas afirmam que o prazo é irreal, isso por causa das etapas necessárias para a pesquisa. “Os ensaios clínicos realizados para as vacinas que já foram aprovadas nos mostram que não é possível fixar uma data, especialmente para os resultados da fase 3. As pessoas precisam ser acompanhadas, ter contato com o vírus para que surjam as evidências de que a fórmula funciona”, afirma a presidente do Instituto Questão de Ciência, Nathália Pasternack.

Em entrevista ao G1, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, pontuou: “Sinceramente, acho pouco provável que até julho essa vacina (Butanvac) já esteja pronta para uso. A gente já viu que esses estudos demoram, e o acompanhamento dessas pessoas leva de 3 a 4 meses, para que a gente tenha esses dados encaminhados à Anvisa para aprovação”.

A Versamune, anunciada pelo governo federal, mas desenvolvida pela Universidade de São Paulo em parceria com a empresa de biotecnologia Farmacore, precisará de ao menos nove meses para ficar pronta. “As fases 1 e 2 terão 360 voluntários e devem durar de 3 a 4 meses. Se somarmos o tempo necessário para a fase 3, a gente prevê que todo o estudo clínico demore de 9 a 12 meses”, reconheceu Helena Faccioli, presidente da Farmacore.

A iniciativa apoiada pelo governo federal protocolou pedido de autorização para ensaios clínicos na quinta-feira (25/3), já a Butanvac entregou seus documentos na noite de sexta (26/3). A consistência das pesquisas prévias – que incluem os testes em laboratório e em animais – e a organização das fases dos ensaios clínicos definirão qual das duas estará disponível primeiro à população.

Nathália Pasternack ressalta que, independentemente de quando estiverem prontas, as duas vacinas serão importantes para complementar as estratégias de imunização da população brasileira no futuro. “O coronavírus não vai desaparecer de uma hora para outra. Então, mesmo que elas cheguem só em 2022 ou 2023, serão úteis para evitar uma repetição deste quadro que estamos vivendo”, assinala.

Os ensaios clínicos serão divididos em três fases.

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