Um oficial sênior da Força Espacial dos Estados Unidos afirmou que o míssil hipersônico testado pela China pode permanecer no espaço, em órbita, por um prolongado período de tempo, de acordo com uma reportagem do site The Drive.
O tenente-general Chance Saltzman, vice-chefe de operações espaciais, nucleares e cibernéticas da Força Espacial americana, respondeu a perguntas sobre o novo sistema chinês, que supostamente usa algum tipo de planador hipersônico capaz de lançar seus próprio projéteis para executar ataques.
Em participação em um evento online na manhã desta segunda (29), Saltzman, que fez a transição da Força Aérea para a Espacial no ano passado, disse que “as palavras que usamos são importantes, para que possamos entender exatamente o que estamos falando aqui”.
“Eu ouço coisas como ‘mísseis hipersônicos’ e às vezes ouço ‘suborbitários’. Este é um sistema categoricamente diferente, porque uma órbita fracionada é diferente de suborbitária. Uma órbita fracionada significa que ele pode permanecer em órbita enquanto o usuário determinar e, em seguida, sair de órbita como parte de sua rota de voo”, declarou o general.
De acordo com o The Drive, a velocidade hipersônica é definida normalmente como qualquer coisa acima de “Mach 5”, ou seja, cinco vezes a velocidade do som. Sistemas suborbitários conseguem atingir o espaço, mas não entram em qualquer tipo de órbita ao redor do planeta.
Historicamente, a “órbita fracionada” é definida como aquela em que o veículo em questão atinge a órbita, mas é trazido de volta à Terra antes de completar a volta no planeta.
No entanto, a reportagem do The Drive pontua que o sistema do míssil hipersônico da China parece ser algo particularmente novo, podendo completar uma ou mais voltas no planeta. Saltzman claramente sugeriu que o sistema chinês foi projetado para passar períodos mais prolongados no espaço.
A fala do tenente-general está de acordo com o comentário feito pelo general John Hyten, vice-presidente dos Chefes do Estado-Maior Conjunto, à CBS News há algumas semanas.
“Eles lançaram um míssil de longo alcance”, disse Hyten. “Ele deu a volta ao mundo, lançou um veículo hipersônico que deslizou até a China, que impactou um alvo na China”.
Quando perguntado se o míssil atingiu o alvo, Hyten disse: “Foi perto o suficiente”.
O tenente-general Saltzman também falou, segundo o The Drive, sobre a questão da dificuldade em detectar e rastrear o voo deste míssil hipersônico, e como isso pode tornar difícil atribuí-lo a um país.
“Muitos dos nossos alertas, você sabe, são baseados em mísseis balísticos, porque essa tem sido a principal ameaça por muitos anos”, disse Saltzman. “Portanto, é responsabilidade da Força Espacial, acredito eu, garantir que estejamos desenvolvendo as capacidades para rastrear esses tipos de armas. Antes de serem lançadas, idealmente, mas depois durante todo o seu ciclo de vida – seja em órbita ou em execução de seu voo definido.”
“Se pudermos rastrear, podemos atribuir […] Acho que podemos impedir”, acrescentou. “[A Força Espacial precisa] ter certeza de que estamos desenvolvendo essas capacidades para rastrear e responsabilizar as nações que estão usando esses tipos de armas.”