Cientistas da missão Juno, da Nasa, anunciaram nesta terça-feira (28) a descoberta de uma erupção vulcânica gigantesca em Io, a lua mais vulcânica do Sistema Solar (veja imagem acima).
A título de comparação, o ponto quente identificado na região sul do satélite natural é maior que o Lago Superior, o maior lago de água doce do mundo em extensão territorial, e libera uma energia equivalente a seis vezes a soma de toda a produção de eletricidade gerada por usinas no mundo.
O fenômeno foi registrado pelo instrumento JIRAM da sonda Juno, que capturou imagens inéditas da superfície da lua de Júpiter.
“Durante a fase prolongada da missão Juno, a sonda passou duas vezes muito perto de Io”, afirmou Scott Bolton, líder da missão Juno, que entrou em órbita ao redor do gigante gasoso em 2016, mas que agora segue em sua missão estendida, que vai até setembro de 2025, ou até o fim da vida útil da sonda.
“Embora cada sobrevoo tenha nos dado dados sobre a lua turbulenta que superaram nossas expectativas, as informações coletadas nesse último sobrevoo — o mais distante — realmente nos impressionaram. Esta é a erupção vulcânica mais poderosa já registrada no mundo mais vulcânico do nosso Sistema Solar — e isso quer dizer muita coisa”.
Segundo os cientistas, como o JIRAM foi desenvolvido para capturar radiação infravermelha, o instrumento foi fundamental para detectar o calor intenso que se espalhou pela superfície da lua, indicando a presença da gigantesca atividade vulcânica.
Mas dados coletados pela sonda também indicaram que o ponto quente não era somente uma simples erupção pontual, mas sim uma série de focos vulcânicos próximos entre si.
Com isso, os cientistas acreditam que há um vasto sistema de câmaras de magma abaixo da superfície da lua, um tipo de atividade muito mais complexo do que o simples fluxo de lava, e pode indicar processos geológicos ainda mais intensos acontecendo no interior do satélite natural.
“O JIRAM detectou um evento de radiação infravermelha extrema — um enorme ponto quente — no hemisfério sul de Io, tão intenso que saturou nosso detector”, disse Alessandro Mura, co-investigador da Juno, do Instituto Nacional de Astrofísica de Roma, na Itália.
Imagens de Io, feitas em 2024 pela JunoCam da Nasa, mostram mudanças na superfície perto do polo sul da lua. Essas alterações ocorreram entre o 66º e 68º perijove, quando a Juno estava mais próxima de Júpiter. — Foto: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS Image processing by Jason Perry
Com os achados do estudo, os cientistas agora esperam aprimorar a compreensão sobre a atividade vulcânica de Io e sobre os processos geológicos que acontecem nas luas do maior planeta do Sistema Solar.
Eles pretendem, por exemplo, investigar como essas erupções afetam a superfície da lua e o que elas podem revelar sobre o interior de Io.
“Com isso, esperamos melhorar nosso entendimento sobre os vulcões não apenas de Io, mas de outros mundos, e como esses processos podem se manifestar em diferentes ambientes do Sistema Solar”, acrescentou Bolton.
Fonte: g1