Relatório do Sistema Nacional de Auditoria do SUS (Sistema Único de Saúde) aponta diversos problemas na atuação do Samu de Campo Grande. Faltam recursos, profissionais, ambulâncias, equipamentos e até remédios, além disso, o tempo de respostas aos pacientes tem aumentado ao longo dos anos.
A auditoria a qual o Jornal Midiamax teve acesso analisou dados de 2022 e o primeiro semestre de 2023. Nos primeiros quatro meses de 2023, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Campo Grande recebeu 78.240 ligações, das quais 29.051 foram atendidas pelo médico regulador. Mas apenas 15 mil demandas tiveram equipes móveis empenhadas.
Campo Grande tem sete distritos de atendimento e o Samu deve funcionar como retaguarda dos serviços da saúde da população, porém, auditoria mostra que o quantitativo de ambulâncias para a cobertura de distritos sanitários está defasado.
Atualmente, o suporte do Samu conta com uma central Samu Atendimento Móvel de Urgência, 4 unidades de suporte avançado, 10 unidades de suporte básico e duas unidades de motolâncias. Porém, são 8 ambulâncias e duas motolâncias ‘baixadas’.
A auditoria afirma que apesar de contrato de manutenção vigente, as manutenções nos veículos não têm ocorrido em tempo hábil, gerando danos ao atendimento. Além disso, há ambulâncias sem manutenção adequada e sem seguro patrimonial, indo contra o que estabelece o Ministério da Saúde.
Em um dos casos, a auditoria cita um veículo que permaneceu em manutenção, sem ter o problema resolvido por 176 dias. Há ainda muitos danos estruturais nos veículos, como defeitos em sirenes, giroflex, assoalho, pneus, macas, pedal de freio e outros. Conforme a auditoria, todas as ambulâncias estão com ar-condicionado danificado.
Faltam profissionais, remédios e equipamentos
Dos 26 medicamentos obrigatórios para as ambulâncias de suporte avançado do Samu, a auditoria encontrou falta de 6 medicamentos e de materiais e equipamentos obrigatórios como estetoscópio infantil, bandagens e protetores para queimados.
A auditoria encontrou ainda deficit de profissionais atuando no Samu de campo Grande, sendo que falta um médico assistencial em ambulância e um técnico auxiliar de regulação médica na central de regulação médica durante o dia. Há ainda divergência nos dados dos profissionais informados.
A auditoria federal encontrou outros problemas, como a falta de plano para atendimento a catástrofes, desastres e atendimentos a múltiplas vítimas, conforme regulamentação. E falta de adequações estruturais físicas das unidades do Samu de Campo Grande.
É possível concluir, segundo o relatório, que o Samu de Campo Grande tem limitações importantes para o atendimento dos usuários, principalmente no que se refere à quantidade de ambulâncias e à quantidade de manutenções corretivas nos veículos.
Idade da frota
“De todas as ambulâncias, a mais nova tem 4 anos de uso já. As outras têm 5 ou 6 anos. São ambulâncias aí que já rodaram mais de 350 mil quilômetros. Elas estão muito mais para ser descartadas do que uma nova”, contou.
Entretanto, segundo o representante da Superintendência Estadual do Ministério da Saúde em MS, Ronaldo Acosta, as ambulâncias são renovadas pela pasta federal automaticamente de 5 em 5 anos.
“É um sistema de atenção especializada, mas o município tem que preservar, tem uma estratégia de preservação das ambulâncias, de manutenção das ambulâncias”, ressalta.
Questionada pelo Jornal Midiamax, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informa que o próprio Ministério autorizou que a Prefeitura se desfizesse de oito viaturas, que já apresentavam critérios para serem enviadas a leilão.
Entretanto, o Executivo Municipal alega que o Governo Federal não repôs esse número. Em contrapartida, o representante da superintendência diz que o próprio município tem aval de fazer a reposição. O último envio de veículos aconteceu em 2019.
“O Ministério já está doando 6 ambulâncias. Nada impede Campo Grande de comprar as ambulâncias restantes para compor a frota, porque o ministério também tem que atender outros municípios do País”, diz Ronaldo. A doação dos seis veículos acontece dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Samu em Campo Grande
O serviço do Samu é uma pactuação tripartite, entre Estado, Município e Governo Federal. Na Capital, segundo a Sesau, o Ministério da Saúde está custeando as ambulâncias, mas sobrecarrega a prefeitura devido ao alto custo das manutenções necessárias.
A Prefeitura solicitou à pasta federal mais ambulâncias ou o repasse para aquisição por conta própria, mas não teve retorno. Além disso, o Município está em processo licitatório para alugar esse tipo de veículo.
“[…] os repasses para custeio das viaturas não são suficientes para realizar também essas manutenções que são onerosas, e essa é uma realidade que não atinge somente Campo Grande, mas sim todos os municípios que possuem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)”, diz nota da Sesau.
Fonte: Midiamax