
Na casa da família Climaco, na Vila Natal, zona sul de São Paulo, o 13° salário já está reservado: vai direto para a reforma. Pela primeira vez, os dois filhos que trabalham com carteira assinada decidiram usar o benefício para ajudar os pais a continuarem a construção de quatro casas no terreno onde moram há duas décadas.
A ideia é terminar uma construção que começou em julho de forma improvisada. A mãe, Vanilde Climaco da Silva, 55, conhecida como Vanda, explica que a necessidade surgiu porque a casa vai ganhar mais uma moradora, sua mãe, mas não tem um quarto disponível. Eles aproveitaram a situação para reparar também vazamentos na laje.
Sem projeto formal e com o dinheiro entrando aos poucos, o pai e marceneiro, Arnaldo Tomas da Silva, 55, decidiu tocar tudo de uma vez. A obra avançou porque Arnaldo conseguiu pegar serviços bons entre julho e setembro. O pedreiro é o vizinho, que cobra um preço mais em conta. Ainda assim, faltou um orçamento fechado, que especialistas apontam como um dos pontos principais para reformas.
“O erro mais comum, e praticamente universal, é começar sem projeto”, afirma a arquiteta Cristiane Schiavoni. Ela diz que pesquisas apontam que o retrabalho pode representar mais de 20% do valor da obra quando não há planejamento prévio.
A expectativa é que a principal parte da obra dos Climaco fique pronta em cerca de três meses, e eles já pensam na renda extra que as casas vão gerar. Allan, um dos filhos, diz que vê a estratégia da família como investimento para o futuro, como forma de criar um patrimônio próprio.
CUIDADOS COM ENDIVIDAMENTO
O consultor financeiro Renan Diego diz que usar o 13º numa reforma pode ser um bom investimento, principalmente quando aumenta o valor do imóvel, seja em manutenção estrutural, troca de instalações elétricas e hidráulicas, cozinha ou banheiro. Segundo ele, essas melhorias valorizam o patrimônio e podem evitar gastos maiores no futuro.
Ele adiciona, no entanto, que isso deve ser feito preferencialmente quando é possível concluir o pagamento à vista, sem parcelamentos com juros.
Outro risco que deve ser evitado é competir com as despesas tradicionais do início do ano. Diego alerta que parcelas começam a vencer em janeiro junto com IPTU, IPVA, matrícula escolar e outras despesas sazonais, gastos que podem virar uma bola de neve e dificultar a organização financeira.
O planejador financeiro Ivan Vianna, certificado CFP pela Planejar, recomenda usar no máximo 60% do 13º para a reforma, reservando entre 10% e 20% para imprevistos.
FolhaPress/ML








