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Queda no diagnóstico de hepatites virais pode aumentar casos de cirrose e câncer de fígado

Por Redação

Em 26 de julho de 2021

A campanha “Julho Amarelo” dedica o mês para ações de enfrentamento das hepatites virais. Entre 2019 e 2020, houve uma queda de 48% no número de pessoas tratadas com hepatite C, segundo dados divulgados pelo Ibrafig (Instituto Brasileiro do Fígado). Especialistas relatam preocupação com um possível aumento das chamadas “mortes silenciosas”, já que as hepatites podem não apresentar sintomas e evoluir para casos de cirrose e câncer de fígado.

“Houve uma redução de mais de 40% nas testagens para as hepatites virais durante a pandemia, porque muitos pontos de testagem foram desarticulados e a população parou de procurar os postos de saúde com receio de contrair a Covid-19”, explica Paulo Bittencourt, gastroenterologista e presidente do Ibrafig.

As hepatites virais são infecções que atingem o fígado e podem ser causada por diferentes vírus, classificados pelas letras do alfabeto A, B, C, D (delta), e E.

No Brasil, as mais comuns são as hepatites A, B e C, sendo que, juntos, os tipos B e C respondem por cerca de 74% dos casos notificados de hepatites virais no país, de acordo com o boletim epidemiológico de 2020 do Ministério da Saúde.

“A hepatite A é responsável por algumas causas de hepatite aguda, na maioria das vezes, sem maior gravidade e de resolução espontânea. Atualmente, é uma hepatite que pode ser prevenível por vacinação que está disponível no Programa Nacional de Imunização”, diz o presidente do Ibrafig.

As doenças do tipo B e C, todavia, costumam evoluir para quadros crônicos e trazer complicações que podem levar o paciente a óbito.

“As doenças crônicas do fígado não tratadas têm chance de evoluir para uma fibrose hepática, que, quando avançada, é uma cirrose. Os pacientes com cirrose têm um risco muito maior que a população em geral de ter câncer de fígado”, esclarece Isaac Altikes, gastroenterologista do Hospital Santa Catarina.

Segundo os médicos, as infecções de hepatite B e C são marcadas por uma evolução silenciosa, ou seja, sinais e sintomas são raros. Quando presentes, são sinais genéricos comuns a outras doenças como febre, enjoo, vômitos, tontura e mal-estar.

“Algumas vezes, há icterícia [pele e olhos amarelados], o que chama a atenção do paciente e do médico para fazer o diagnóstico correto”, complementa Altikes.

Dentre as principais formas de transmissão das hepatites virais, estão o compartilhamento de objetos perfurocortantes ou de higiene pessoal; a realização de procedimentos fora das normas sanitárias, como tatuagens, piercings, manicure e pedicure; relações sexuais sem o uso de preservativo, entre outros.

No caso da hepatite A, falta de saneamento básico e higiene é um fator causal importante, já que uma das formas de transmissão é fecal-oral, pelo contato de fezes com a boca.

SUS OFERECE TESTAGEM E TRATAMENTO

No Brasil, as hepatites B e C têm seu diagnóstico e tratamento coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O tratamento do tipo B é feito com medicamentos que evitam a progressão da doença, enquanto a hepatite C conta com um tratamento de cerca de três meses que tem taxas de cura de mais de 95%, segundo dados do Ministério da Saúde.

Não há vacina para o tipo C, somente para o B. A imunização da rede pública teve sua cobertura ampliada em 2016. Desde então, as três doses contra a hepatite B são gratuitas para todos os brasileiros, independentemente de faixa etária no calendário vacinal.

A testagem para hepatite B e C é oferecida gratuitamente na rede pública. A recomendação é que o teste seja feito em maiores de 20 anos que não tomaram a vacina do tipo B, maiores de 40 anos em geral, usuários de drogas injetáveis, pessoas que fizeram piercings e tatuagens, que têm múltiplos parceiros sexuais ou que consomem álcool em excesso.

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