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Coxim Agora

ONG indígena de MS recebeu R$ 872 milhões durante governo Bolsonaro

Por Redação

Em 25 de janeiro de 2023

Dados do Portal da Transparência do Governo Federal mostram que nos quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL), a ONG Caiuá, sediada em Dourados, 225 km de Campo Grande, recebeu R$ 872 milhões em repasses.

Em reportagem publicada pelo Jornal O Globo, mostra que nos quatro anos de governo de Bolsonaro, o Programa de Proteção e Recuperação da Saúde Indígena teve orçamento de R$ 6,1 bilhões e mais de R$ 5,4 bilhões gastos. Ou seja, 88% do fundo foi utilizado, de fato.

Os números elevados do que seriam os fundos destinados à saúde indígena chamaram atenção diante da tragédia humanitária vivida pelo povo Yanomami, que segundo o MPF (Ministério Público Federal), é fruto da omissão do Estado em asseguração a proteção dos indígenas.

Conforme constam nas informações obtidas no portal, a organização sediada em Mato Grosso do Sul, que leva no nome estar “a serviço do índio para a glória de Deus”, recebeu, somente em 2022, R$ 213.323.994 em repasses. Somente R$ 54 milhões foram transferidos em dezembro, último mês do governo do ex-presidente.

Os valores repassados para a ONG Caiuá seriam quase o dobro da segunda organização que mais recebeu repasses do Governo Federal, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueiredo, com R$ 462 milhões.

De acordo com o divulgado, a organização não apenas realiza trabalho em MS, como também em outros estados. O presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami, explicou ao O Globo que a ONG Caiuá faz apenas a contratação de funcionários, como médicos e enfermeiros, mas que a organização não têm entrado nas terras indígenas nos últimos quatro anos. A reportagem pontua que os salários foram pagos, mas sem a execução correta do serviço.

Os repasses para as terras yanomamis, segundo o Portal da Transparência, mostram que em 2022 o orçamento era de R$ 59 milhões, sendo R$ 51 milhões executados. O presidente da associação explicou que a maior parte desses recursos foi utilizado “para a contratação de empresas de transporte aéreo, como aviões e helicópteros, que levam médicos e funcionários à região”. Fonte da Funai ouvida pelo O Globo afirmou que muitos deles têm como donos os próprios garimpeiros que passaram a diversificar os seus negócios.

Em entrevista ao jornal O Globo, o advogado da ONG afirmou que o papel da organização é apenas contratar funcionários da área da saúde e que nem todo valor chega até a entidade, que há contingências. Ele ainda explicou que houve ‘falha na gestão do governo federal’, que não conseguiu levar médicos e enfermeiros até as aldeias necessitadas. O Jornal Midiamax procurou a ONG Caiuá, questionando sobre os trabalhos desempenhados e aguarda retorno.

MPF vê ‘tragédia humanitária’ com yanomamis

A Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF) aponta que a “grave situação” de saúde e segurança alimentar vivida pelo povo Yanomami é resultado da omissão do Estado em assegurar a proteção da terra indígena, tendo o governo Jair Bolsonaro adotado “providências limitadas” sobre o tema. Em nota pública, a Procuradoria alerta para “verdadeira tragédia humanitária” e possível caracterização de genocídio, inclusive com eventual responsabilização internacional do Estado.

As ponderações do MPF foram divulgadas nesta segunda-feira, 23, mesmo dia em que o ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino determinou à Polícia Federal que abra uma investigação sobre possíveis crimes de genocídio, omissão de socorro e crime ambiental. Ao fundamentar o pedido de instauração do inquérito, Dino citou “incentivo político a garimpos ilegais em terras indígenas, abandono no que tange ao oferecimento de ações e serviços de saúde, e ausência de estratégias para garantia da segurança alimentar aos Yanomami”.

O ofício à PF fala em “cenário de possível desmonte intencional contra os indígenas Yanomami ou genocídio”. “Os reiterados pedidos de ajuda contra a violência decorrente do garimpo ilegal, bem como a ausência de efetivas ações e serviços de saúde à disposição dos Yanomami frisam possível intenção de causar lesão grave à integridade ou mesmo provocar a extinção do referido grupo originário”, ressaltou Dino determinar a abertura das apurações sobre a crise na terra indígena Yanomami.

A Procuradoria destacou ações adotadas em meio ao governo Jair Bolsonaro para cobrar providências do Estado ante a expansão do garimpo ilegal e a precariedade dos serviços de saúde prestados ao povo Yanomami. O órgão citou processos movidos, em primeiro grau e na esfera cível, para garantir a instalação de Bases de Proteção Etnoambiental em pontos estratégicos da terra indígena e para elaboração de um plano emergencial de combate a crimes ambientais e retirada de invasores em meio à pandemia da covid-19.

Em novembro, o MPF oficiou o governo de transição informando sobre o “cenário calamitoso” na terra indígena Yanomami, que “configuraria verdadeira tragédia humanitária e indicaria um processo em curso que, caso não imediatamente freado, poderá caracterizar hipótese de genocídio, inclusive passível, em tese, de responsabilização internacional do Estado”.

No mesmo mês, a Polícia Federal e a Procuradoria da República em Roraima chegaram a deflagrar uma operação contra esquema de desvio de medicamentos do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. Os investigadores suspeitavam que apenas 30% dos mais de 90 tipos de remédios contratados pelos indígenas teriam sido devidamente entregues, deixando crianças desassistidas – somente com relação ao tratamento de verminoses, o desvio teria impactado o tratamento de 10 mil crianças.

Considerando os danos causados pelo garimpo na terra indígena Yanomami, a Procuradoria ainda chamou atenção para a tramitação do projeto de lei que objetiva legalizar a exploração mineral e de recursos hídricos nas terras indígenas. O Ministério Público Federal já apontou a inconstitucionalidade do texto. Segundo a Hutukara Associação Yanomami, houve um crescimento “alarmante” do número de garimpeiros na terra indígena, estimado em mais de 20 mil.

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