O criminoso Wanderson Mota Protacio, 21 anos, procurado há quatro dias pela Polícia de Goiás por três homicídios, já era conhecido na zona rural de Abadiânia, mesma cidade para onde teria fugido depois de matar a esposa grávida, a enteada de 2 anos e um fazendeiro no último domingo (28/11).
O caseiro trabalhou na temporada de colheita de uma plantação de tomate na fazenda Santo Antão, a cerca de 15 quilômetros do perímetro urbano de Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. Wanderson atuou no local durante quatro semanas por volta de setembro de 2019, segundo funcionários ouvidos pelo Metrópoles.
Nessa época, o chamado Novo Lázaro — em referência a Lázaro Barbosa, pelo local, perfil criminoso e duração de suas buscas — ainda não era conhecido por ter cometido homicídios cruéis e se mostrava como mais um trabalhador anônimo. Em dezembro daquele ano, pouco tempo depois da colheita, ele esfaqueou a irmã de sua madrasta pelas costas.
Funcionários da plantação relatam que o trabalho era pesado e não havia muito espaço para conversas, com exceção da hora do almoço, que era coletiva. No entanto, dizem não se lembrar de conversas com o rapaz.
“Ele tinha um comportamento igual ao dos outros. Aqui não tem tempo para desavença, nem para amizade”, garantiu um colaborador. A fazenda é voltada para o plantio de pimentões verdes, mas, em algumas épocas do ano, também se plantam tomates, levados ao Ceasa em Goiânia.
Transporte diário
Em 2019, Wanderson vivia em Goianápolis. Ele era transportado cerca de 100 km por dia, contando ida e volta, para trabalhar na plantação. Chegava no início da manhã e voltava ao final da tarde. A fazenda se destaca na região por ter uma imponente igreja católica em estilo colonial.
Próximo da plantação, há uma vila de chácaras conhecida como Santa Lúcia. Moradores deste local dizem se lembrar de ver ele passar por ali, onde frequentaria um dos dois bares do loteamento. O dono do boteco confirma visitas de Wanderson, relatadas por colegas, mas ele mesmo diz não se lembrar do caseiro.
Na manhã desta quarta-feira (1/12), uma equipe de policiais militares chegou a ir à plantação em que Wanderson trabalhou. Eles ouviram funcionários, mas a informação não foi considerada de relevância para definir o paradeiro do criminoso.
Mortes em série
Os crimes em série de Wanderson Protácio teriam sido praticados no fim da tarde do último domingo (28/11). De acordo com a Polícia Civil, o jovem teria matado a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, 2.
Na sequência, invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou o produtor rural Roberto Clemente de Matos, 73. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, 45, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu e tem bom estado de saúde.
A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso.
Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho.