Mais de uma semana após Monique ficar sabendo que o companheiro Jairinho agredia o filho Henry, a mulher procurou uma prima que é pediatra e revelou que, ao ver o padrasto, o garoto tremia e vomitava.
A conversa foi recuperada do celular da genitora da vítima pela Polícia Civil e consta no inquérito que investiga a morte de Henry.
Obtida com exclusividade pelo jornal Extra, o diálogo virtual revelou que seis dias após o episódio da agressão sofrida por Henry no dia 12 de fevereiro e relatada em tempo real pela babá Thayná de Oliveira Ferreira, Monique procurou a prima para pedir orientações sobre o comportamento de Henry.
Segundo Monique, ele tinha “medo excessivo de tudo” e vomitava e tremia quando via Jairinho.
A mãe completou, dizendo à médica identificada apenas como Renata, que deu início ao tratamento psiquiátrico do garoto.
“Iniciei com a psicóloga. Fizemos duas sessões, uma por semana. Você acha que preciso procurar um neuro, psiquiatra, fazer mais sessões por semana? Tem sido muito sofrido para todos nós”, escreveu.
A prima da acusada, então, respondeu : “Acho que agora no início poderia ser duas vezes por semana. Neuro e psiquiatra, não. Infelizmente isso é comum”, explicou na conversa.
Veja o diálogo completo:
Monique: Prima, boa tarde
Monique: “Henry está com medo excessivo de tudo, tem um medo intenso de perder os avós, está tendo um sofrimento significativo e prejuízos importantes nas relações sociais, influenciando no rendimento escolar e na dinâmica familiar. Disse até que queria que eu fosse pro céu pra morar com meus pais, em Bangu. Quando vê o Jairinho ele chegar a vomitar e tremer . Diz que está com sono, que quer dormir e não olha pra ele. Nunca dormiu sozinho, mas antes ficava no quarto esperando irmos ao banheiro ou levar um lanche, agora se recusa a ficar sozinho, não tem apetite, está sempre prostrado, olhando pra baixo, noites inquietas com muitos pesadelos e acordando o tempo inteiro. Chora o dia todo. Iniciei com a psicóloga.
Monique: Fizemos duas sessões, uma por semana. Você acha que preciso procurar um neuro, psiquiatra, fazer mais sessões por semana? Tem sido muito sofrido para todos nós”
Renata Pediatra: “Acho que agora no início poderia ser duas vezes por semana. Neuro e psiquiatra, não.”
Monique: Tá bom prima
Renata Pediatra: “Infelizmente isso é comum.”
Monique: Obrigada
Entenda o caso
Henry Borel Medeiros morreu no dia 8 de março, ao dar entrada em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo o pai do garotinho, Leniel Borel, ele e o filho passaram, normalmente, o fim de semana juntos.
Por volta das 19h do dia 7, o engenheiro o levou de volta para a casa da mãe do menino, Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida. Ela mora com o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade).
Ainda segundo o pai de Henry, por volta das 4h30 do dia 8, ele recebeu uma ligação de Monique falando que estava levando o filho para o hospital, porque o menino apresentava dificuldades para respirar.
Leniel afirma que viu os médicos tentando reanimar o pequeno Henry, sem sucesso. O garotinho morreu às 5h42, conforme registro policial registrado pelo pai da criança.
Segundo depoimentos prestados por Monique e Jairinho na 16ª DP, eles assistiam a uma série na televisão, quando, por volta das 3h30, encontraram Henry caído no chão, com mãos e pés gelados e olhos revirados. Ambos alegam acidente doméstico.