Nada é mais capaz de despertar os instintos primitivos, porém inócuos, dos militares brasileiros do que a fala de uma autoridade estrangeira sobre quem é de fato dono da Amazônia.
O ministro do Comércio Exterior da França, Franck Riester, fez um alerta, ontem, em uma sessão do Senado de seu país: “A Amazônia não é apenas dos brasileiros”.
Estava em discussão o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A França não assinará o acordo enquanto o Brasil não cuidar melhor do meio ambiente.
Para Franck Riester, o governo Bolsonaro não mostra ainda o engajamento necessário e “faz o contrário do que precisa fazer” em temas ambientais. “É inimaginável assinar o acordo”, afirmou.
Desde antigamente que os militares enxergam um complô internacional para tomar a Amazônia do Brasil. Se ele um dia existiu, não há provas nem evidências de que ainda exista.
Fato é que o Brasil, à época do curto governo do presidente Jânio Quadros no início dos anos 1960, armou-se para invadir a Guiana Francesa. Só não o fez porque Jânio renunciou antes.