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Escassez hídrica já resulta em queda de 43% no escoamento de minério e soja

Por Redação

Em 15 de maio de 2024

Rio Paraguai apresenta o pior volume hídrico dos últimos oito anos na região de Ládario e Corumbá – Foto: Viviane Amorim

Enquanto a região sul do Brasil sofre com o excesso de chuvas, Mato Grosso do Sul já amarga situação crítica das condições de utilização dos recursos hídricos. Um desses impactos é a queda da movimentação de cargas, como o envio de soja e minério, por meio do Rio Paraguai.

Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apontam a queda de 43,15% na movimentação portuária de MS. De janeiro a março de 2024 foram 906 mil toneladas de soja e minério embarcadas no Estado. Enquanto no mesmo período do ano passado foi registrado o envio de 1,6 milhão de toneladas.

No recorte por tipo de carga, conforme os dados da Antaq, a queda acentuada também é percebida. O minério de ferro que sai da região de Ladário e Corumbá saiu do total de 1,4 milhão de toneladas em 2023 para 849 mil toneladas em 2024 – queda de 38%.

Já a soja, apresentou redução de 63%, nos primeiros três meses deste ano foram embarcadas 57 mil toneladas ante as 154 mil toneladas embarcadas no primeiro trimestre do ano passado.

Os dados que já apontam para queda devem ficar ainda menores, considerando que o período de navegação comercial geralmente se intensifica nos meses de abril e maio.

De acordo com o gerente de operações portuárias do terminal Grupo FV Cereais, Genivaldo Santos, os embarques de soja em Porto Murtinho estão prejudicados pelas condições hídricas e por baixa demanda.

“O nível do rio [Paraguai] muito baixo encareceu o frete e assustou os exportadores. O próprio mercado da soja deixou de ser atrativo, para as exportações para a Argentina, por exemplo”, afirma.

Ele ainda detalha que em todo o ano passado foram mais de 1,6 milhão de toneladas de soja movimentadas.

“Até este momento tem pouco mais de 100 mil toneladas e sem perspectiva de melhora”, finaliza.

Conforme funcionário que atua nos portos da região de Ladário, mas preferiu não se identificar, o cenário de seca no Rio Paraguai impactou fortemente a logística de exportação de minério.

“As expedições registradas no primeiro trimestre ficaram abaixo de 10% comparada ao mesmo período do ano anterior”, assegura.

Dados da Marinha do Brasil apontam que o nível do Rio Paraguai em Ladário marcava 1,44 metro ontem (14). É o pior volume registrado nos últimos oito anos. Na mesma data, em 2018, a régua marcava 5,08 metros e no ano passado chegou a 3,36 m.

Em Porto Murtinho o cenário é parecido, conforme os dados da Marinha a régua marcava 2,26 m ontem, enquanto no dia 14 de maio do ano passado o nível era de 4,77 m e na mesma data em 2019 a régua marcava 5,90 metros.

No ano passado, cerca de sete milhões de toneladas de minérios e soja foram despachados dos portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho.

ESCASSEZ

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou, nesta segunda-feira (13), pela primeira vez na história, Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Paraguai.

A Resolução vigora até 31 de outubro deste ano, fim do período seco normal na bacia do Paraguai, a principal do Pantanal. A declaração poderá ser prorrogada caso a estiagem persistir ou na hipótese de que ocorram chuvas que levem à elevação dos níveis, ela poderá ser suspensa.

A decisão foi tomada devido ao cenário observado na Região Hidrográfica do Paraguai, embasado por manifestações de entidades como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB), de escassez hídrica relevante em comparação com períodos anteriores.

Além da navegação, a situação desfavorável nessa região pode resultar em impactos aos usos da água, sobretudo em captações para abastecimento de água – especialmente em Corumbá, atividades de pesca, turismo e lazer.

A ANA possui a competência legal de declarar a situação crítica de escassez quantitativa ou qualitativa de recursos hídricos nos corpos hídricos que impactem o atendimento aos usos múltiplos em rios de domínio da União (interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais), por prazo determinado, com base em estudos e dados de monitoramento.

A partir da decisão, a Agência vai intensificar os processos de monitoramento hidrológico da Região Hidrográfica do Paraguai, identificando impactos sobre usos da água, e propor eventuais medidas de prevenção e mitigação desses impactos em articulação com diversos setores usuários.

Esta decisão também servirá de subsídio para a definição de regras especiais de uso da água e operação de reservatórios, pela ANA, não previstas nas outorgas ou regras de operação existentes.

Outro ponto é que a partir disso as entidades reguladoras e prestadores de serviço de saneamento básico podem adotar mecanismos tarifários de contingência com o objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes da escassez de água.

Mais uma medida que a ANA adotou devido à seca foi a instalação da Sala de Crise do Alto Paraguai como ambiente para compartilhamento das melhores informações disponíveis para subsidiar a tomada de decisão nesse cenário.

Fonte:Correio do Estado

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