Um documento do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, alerta para o risco de o Revalida não ser realizado.
O Revalida é uma exigência para que médicos formados no exterior possam exercer a profissão no Brasil. A prova confirma ou não se a formação deles está de acordo com o padrão nacional. E o responsável por essa avaliação é o Inep, que enfrenta uma crise sem precedentes. Nos últimos dias, 37 servidores deixaram o cargo em protesto contra a atual gestão do instituto. Entre muitas denúncias e alegações, está o desmonte da comissão que cuida do Revalida.
Um ofício interno publicado neste sábado (13) pelo jornal O Estado de S. Paulo e obtido pela TV Globo alerta que a “aplicação do Exame de Habilidades Clínicas do Revalida 2021 encontra-se sob alto risco de não realização ou de realização com prejuízo de qualidade”. Diz que “a maior parte dos médicos nomeados para a Comissão Assessora de Avaliação da Formação Médica, por indicação do presidente do instituto, não tinha experiência prévia na realização do Revalida como membros de comissão e, devido ao apertado cronograma, sequer passaram por capacitação”.
O documento diz ainda que ”as questões foram analisadas, revisadas e selecionadas por apenas um especialista de cada área, fragilizando a qualidade térmica de cada um dos itens do exame”.
Um servidor que pediu para deixar o cargo concordou em dar entrevista sem ser identificado. Ele denunciou assédio moral, falta de profissionais e pressão sobre os funcionários.
“A gente tem vivido uma instabilidade muito grande há alguns anos já. Acho que agora foi a ‘gota d’agua’, mesmo, com a criação dessa Assessoria de Governança e Gestão Estratégica que tem burocratizado demais todos os processos. São várias questões que vão se somando.”
Como funciona o Revalida
O Revalida é feito em duas etapas. A primeira delas este ano, com 11.800 candidatos, foi em setembro, e já houve problema: 12 questões mal formuladas tiveram que ser anuladas. A segunda está prevista para os dias 18 e 19 de dezembro, mas isso ainda não está em nenhum edital.
“Há ameaça de não ocorrer a prova nos dias 18 e 19 de dezembro, porque o prazo é extremamente curto. A aplicadora precisa receber a prova, precisa comprar materiais e preparar toda a prova. Ela também precisa de tempo para o manuseio desse material para enviar para os diversos lugares do Brasil onde essa prova será aplicada. Se você faz qualquer coisa com pressa, a chance de erros é maior”, disse o servidor que não quer ser identificado.
Em três anos, o Inep já teve cinco presidentes. O atual, Danilo Dupas, foi questionado esta semana pela Comissão de Educação da Câmara. Ele disse que todas as provas do Inep para este ano estão garantidas. Isso inclui, além de Enem e Enad, o Revalida.
O Jornal Nacional entrou em contato com o Inep, mas não obteve retorno.