
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, fez nesta sexta-feira (22) seu pronunciamento mais enfático desde o início da conferência, em Belém. Em meio a uma reta final marcada por negociações travadas e pressões crescentes sobre temas centrais, como financiamento climático e combustíveis fósseis, o diplomata alertou que a ausência de consenso seria desastrosa para todos os países.
Corrêa do Lago afirmou que o processo multilateral precisa ser preservado e fortalecido. Segundo ele, “se não chegarmos a um acordo e não implementarmos o que está no Acordo de Paris, todos vão perder”. O embaixador frisou que a lógica de vencedores e perdedores não cabe em um regime climático construído ao longo de décadas com base na cooperação.
Ele também reconheceu as dificuldades que marcam a fase final da COP30.
“Existem desafios muito grandes e algumas das nossas prioridades podem não ir à frente da forma que queríamos”, disse, destacando que os países precisam aceitar que avanços não devem ser interpretados como conquistas individuais.
Em um esforço para destravar a negociação, o presidente da Conferência convocou um grande mutirão destinado exclusivamente a ministros e chefes de delegação. A reunião terá como objetivo permitir que todas as partes discutam os documentos divulgados pela manhã, conversem entre si e tentem avançar para uma convergência possível, “essa presidência tem sido aberta e transparente ao longo de todos esses meses, e é nesse espírito que convido todos para o mutirão”, disse o embaixador.
Apesar das dificuldades, Corrêa do Lago encerrou a fala com uma mensagem de otimismo: “Estou entusiasmado e confio que poderemos celebrar o Acordo de Paris. Somos mais fortes do que aqueles que dizem que não podemos ir adiante.”
A expectativa é que o mutirão seja decisivo para definir os rumos finais da COP30, que entra em sua fase mais sensível e determinante.
Em nota encaminhada à imprensa, o Observatório do Clima classificou o primeiro rascunho do “Pacote de Belém” como “desequilibrado”.
“Os rascunhos apresentados são fracos nos pontos em que avançam e omissos num tema crucial: eles não atendem à determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio de 82 países, de fornecer um roteiro para implementar a transição para longe dos combustíveis fósseis. Esta expressão, aliás, não aparece em nenhum lugar dos 13 textos publicados”.
De acordo com eles, a COP de Belém não poderá ser considerada bem-sucedida “caso esses desequilíbrios permaneçam nas decisões”.
CNN/ML








