Jair Bolsonaro chamou seus aliados mais próximos do Centrão para cobrar a fatura do apoio institucional como presidente da República e se blindar. Cuidou detalhadamente do seu futuro desde o domingo à noite, quando soube do resultado da derrota na eleição, antes de abrir a boca como esperado para esta terça-feira.
Segundo fontes do Governo, a blindagem caberá a Valdemar Costa Neto, o “dono” do PL, partido pelo qual disputou a reeleição. Bolsonaro quer garantias de uma vida protegida longe do Palácio a partir do dia 1º de janeiro. Simples: ele não tem um instituto com financiadores, está sem defensores jurídicos e nem sabe ainda onde vai morar.
De acordo com fontes, Valdemar sugeriu a Bolsonaro um aluguel de uma mansão no Lago Sul, em Brasília, para viver com a esposa e a filha menor, paga pelo PL. Além disso, o presidente perdeu seus advogados mais aguerridos durante a campanha.
Ele terá advogados pagos pelo partido em todos os processos que responderá – hoje são 58 no STF, todos ou boa parte deles podem “descer” para a 1ª instância de acordo com a canetada dos ministros.
O futuro ex-presidente também poderá ter um bom salário pago pela Executiva do PL, como conselheiro da legenda.
Sem essas garantias, Bolsonaro não discursaria para acalmar o País. Enquanto assiste do Palácio os eleitores mais aguerridos inflamando as rodovias federais, com a leniência da PRF bolsonarista.
Bolsonaro sabe que, se reconhecesse a derrota no domingo sem tratar de seu futuro com os ainda aliados, correria risco de ver os caciques dos partidos o abandonarem de vez por Lula da Silva – o que vai acontecer, evidentemente, a partir de janeiro.