Na contramão das declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse, na manhã desta segunda-feira (12/7), que haverá, sim, eleições no ano que vem. A afirmação foi feita em entrevista à CNN.
Na quinta-feira (8/7), durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que as “eleições do ano que vem serão limpas”, em referência ao voto impresso, “ou não teremos eleições”.
O titular do Palácio do Planalto tem colocado o voto impresso como condição para legitimar o sistema eleitoral. O de hoje — pelo qual o atual chefe do Executivo nacional foi eleito para consecutivos mandatos como deputado federal e para presidente da República, em 2018, — tem urnas eletrônicas sem impressão dos votos e, segundo Bolsonaro, permite fraudes.
Os ataques de Bolsonaro não se limitam às urnas e se estendem a autoridades da Suprema Corte, como o ministro Luís Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro já afirmou que o magistrado tem “interesse pessoal” em barrar a impressão do voto.
“Por que o Barroso não quer mais transparência nas eleições? Porque tem interesse pessoal nisso. Ele está se envolvendo numa causa como essa e interferindo no Legislativo. Isso é concreto, porque, depois da ida dele ao Parlamento, várias lideranças trocaram os integrantes por parlamentares que vão votar contra o voto impresso”, acusou Bolsonaro.
O Supremo Tribunal Federal respondeu às provocações de Bolsonaro, que, segundo Barroso, foram “lamentáveis quanto à forma e ao conteúdo”. “A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”, salientou o ministro.