O Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), órgão colegiado vinculado ao Ministério da Previdência Social, alcançou, em 2024, um marco significativo: a análise de mais de 1 milhão de processos administrativos.
Esse resultado não é apenas impressionante em termos quantitativos, mas também reflete o esforço conjunto do CRPS, do INSS e do governo federal para enfrentar um dos maiores desafios do sistema previdenciário brasileiro: a fila de pedidos de benefícios.
O CRPS desempenha uma função essencial no julgamento de recursos administrativos relacionados a benefícios previdenciários. Quando um segurado tem seu pedido negado pelo INSS, ele pode recorrer ao CRPS para solicitar uma reavaliação. Essa instância é crucial para garantir os direitos constitucionais à ampla defesa e ao contraditório, pilares de uma Justiça acessível e equitativa.
A análise de mais de 1 milhão de processos demonstra o compromisso em ampliar sua capacidade de trabalho e reduzir os tempos de espera. Para alcançar esse resultado, foram adotadas tecnologias, aprimorados os fluxos de trabalho e realizados investimentos na formação de conselheiros.
Mais da metade dos processos analisados pelo CRPS em 2024 foi referente a benefícios por incapacidade temporária, como o auxílio-doença. Essa é uma área especialmente sensível, pois envolve trabalhadores impedidos de exercer suas atividades, por conta de problemas de saúde. Ao priorizar esses casos, o Conselho auxilia os segurados em maior vulnerabilidade, garantindo que aqueles que mais necessitam de amparo recebam uma solução mais célere e justa.
Observamos que a redução da fila de benefícios, apesar de ainda avançar em passos mais lentos, é uma prioridade para o governo federal, que, em parceria com o INSS, implementou diversas medidas para aprimorar o atendimento aos segurados. Entre as principais iniciativas, destacam-se:
- Digitalização de processos: a plataforma Meu INSS tem facilitado o acesso a informações e serviços, reduzindo a necessidade de deslocamento até agências físicas;
- Mutirões de perícia: a realização de mutirões tem acelerado a análise de benefícios por incapacidade;
- Capacitação de servidores: o treinamento contínuo dos profissionais do INSS tem sido essencial para tornar os processos mais ágeis e assertivos.
Embora os avanços sejam evidentes, sempre há espaço para aperfeiçoamentos. Algumas ações poderiam agilizar a luta contra a extensa fila de ações e pedidos de benefícios represados. Por exemplo:
- Ampliação do uso de inteligência artificial (IA): ferramentas de IA poderiam auxiliar na triagem inicial dos processos, identificando casos mais simples ou que demandam documentação adicional;
- Parcerias com instituições de ensino: universidades poderiam colaborar em projetos de extensão, envolvendo estudantes de Direito e Serviço Social no apoio aos segurados;
- Expansão dos mutirões: realizar mutirões regulares não apenas para perícias, mas também para a análise e a concessão de benefícios acumulados;
- Educação previdenciária: investir em campanhas para orientar os segurados sobre como apresentar pedidos mais completos, reduzindo a necessidade de ajustes e recursos;
- Descentralização do atendimento: estabelecer parcerias com estados e municípios para ampliar o atendimento presencial em estruturas como Poupatempo ou Unidades de Atendimento Integrado;
- Reforço no quadro de servidores: diante da alta demanda, é imprescindível aumentar o número de profissionais no INSS para garantir maior eficiência.
Importante esclarecer que a redução da fila de benefícios vai além da eficiência administrativa. Trata-se de uma ação com profundo impacto social. Para milhões de brasileiros, os benefícios previdenciários representam a única fonte de renda, essencial para garantir alimentação, moradia e tratamento de saúde. Uma questão de dignidade humana.
Assim, ao reduzir o tempo de espera, o INSS contribui para evitar situações de vulnerabilidade extrema, promovendo maior segurança e bem-estar aos segurados e suas famílias. Portanto, o compromisso com melhorias contínuas permanece indispensável.
Com inovações tecnológicas, parcerias estratégicas e maior conscientização previdenciária, o sistema previdenciário brasileiro pode continuar a evoluir, assegurando os direitos de milhões de trabalhadores e garantindo um futuro mais digno para todos.
Fonte: Correio do Estado