Pesquisa publicada no The Lancet indica que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de depressão da América Latina. Por aqui, 17% dos idosos têm a doença. Bem acima dos 5% estimados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier esta alta prevalência está relacionada ao rápido envelhecimento da população. Prova disso, é que uma metanálise de 24 estudo realizada pela JAMA, revista da Associação Médica Americana, mostra que uma em cada quatro pessoas com alterações visuais tem depressão. A saúde dos olhos, ressalta, está estreitamente conectada à sistêmica e à emocional. Por isso, além das consultas oftalmológicas periódicas recomenda atenção às atividades físicas, controle do peso e da glicemia. Isso porque, explica, o sobrepeso, o diabetes e a hipertensão são verdadeiras epidemias no Brasil segundo o Ministério da Saúde e todos prejudicam a visão.
Prevalência
A pesquisa mostra queque na América Latina a depressão atinge em média 12,57%. Depois do Brasil vem Peru com 14,7%, Colômbia com 10,2%, Peru com 14,78%
A metanálise
Queiroz Neto ressalta que a metanálise sobre saúde ocular e depressão foi publicada no JAMA, revista da Academia Médica Americana. Tomou como base 24 estudos selecionados a partir de mais de 4 mil referências. Dos 6,69 mil participantes com catarata, olho seco, degeneração macular e glaucomas 25% desenvolveram depressão.. Não é para menos. A nossa independência e interação com o meio ambiente depende em 85% da visão e estas doenças dificultam o dia a dia.
Cuidados e Prevenção
Catarata: Quem viver um dia terá e certamente esta é a principal causa de depressão relacionada à saúde ocular. Isso porque, no Brasil ocorrem 500 mil novos casos anos e a doença que torna nosso cristalino opaco responde por 49% dosa casos de cegueira tratável no país. O único tratamento é o implante de uma lente dentro do olho que substitui o cristalino. Para quem depende do sistema público de saúde a dica do oftalmologista é programar uma consulta oftalmológica todo ano. Isso porque, no início a catarata não é percebida e a demanda pela cirurgia é a mais alta no País por causa do rápido envelhecimento da população. Os sintomas que indicam a doença são: troca frequente de óculos, visão embaçada, e desvio de um dos olhos. Para adiar a catarata, Queiroz Neto recomenda: usar óculos que filtrem 100% a radiação UV emitida pelo sol, não fumare usar óculos de proteção nos esportes.
Olho seco: Queiroz Neto explica que embora não seja uma doença grave, pode causar lesões na córnea e queda na acuidade visual. É uma deficiência da lágrima que atinge 24% da população por causa do uso das telas digitais, salienta.
As principais prevenções elencadas pelo oftalmologista são: evitar o excesso de ar refrigerado ou aquecido; beber água sempre que sentir sede; consumir fontes de ômega 3 – linhaça, salmão, sardinha, castanhas ou bacalhau; piscar voluntariamente em frente às telas e desviar os olhos para um ponto distante a cada meia hora. Se ainda assim continuar tendo a sensação de areia nos olhos, vermelhidão e visão embaçada deve consultar um oftalmologista. “Usar colírio lubrificante impróprio, pode causar olho seco crônico” afirma. A última palavra em tratamento são as aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da lágrima.
Degeneração macular: É a perda da visão central relacionada ao envelhecimento, histórico familiar, hábito de fumar, má circulação relacionada ao diabetes ou hipertensão arterial e exposição dos olhos ao sol sem lentes com filtro ultravioleta. A dica do de Queiroz Neto para perceber a doença no início é observar se enxerga linhas tortuosas em uma moldura, ocluindo um olho e depois o outro com a mão em concha. Caso o contorno deforme deve consultar um oftalmologista imediatamente para interromper o processo de degeneração que é irreversível.
Glaucoma: O oftalmologista afirma que a doença não tem sintomas no início. Maior causa de cegueira irreparável no mundo, o glaucoma é causado em 90% dos casos pelo aumento da pressão intraocular que provoca a morte de células do nervo óptico. “Quem tem casos na família, ascendentes negros ou é asiático deve consultar um oftalmologista anualmente a partir dos 40 anos” salienta. . No Brasil metade dos diagnósticos são feitos quando a pessoa já perdeu campo visual e no glaucoma a visão perdida não é recuperada.
Pessoas em tratamento contínuo com corticoide devem consultar oftalmologista a cada seis meses porque a medicação pode causara doença. O uso constante de colírios prescritos por um oftalmologista permite manter a visão até o fim da vida. No Brasil metade dos diagnósticos são feitos quando a pessoa já perdeu campo visual e no glaucoma a visão perdida não é recuperada.
Fonte: NM/ME