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75% dos fumantes de cigarro eletrônico sofrem de ansiedade, diz estudo

Por Redação

Em 26 de novembro de 2024

Os usuários de cigarros eletrônicos manifestam altas incidências de problemas de saúde mental, são mais jovens e apresentam sinais de dependência mais cedo do que os fumantes tradicionais.

A conclusão é de uma pesquisa divulgada pelo InCor (Instituto do Coração) nesta segunda (25) a partir da análise da saliva de 417 fumantes exclusivos de cigarro eletrônico no estado de São Paulo. Dos entrevistados, 75% relataram sofrer de ansiedade e 30% de depressão.

Para Jaqueline Scholz, cardiologista, diretora do Núcleo de Tabagismo de InCor e autora do estudo, o cigarro eletrônico pode ser usado tanto como um atalho para tentar aliviar questões de saúde mental preexistentes como ser o causador e intensificador dos sintomas, gerando assim uma espécie de bola de neve com altos níveis de dependência.

“Existe na literatura uma associação entre tabagismo e saúde mental. O que estamos identificando ainda é quem vem primeiro. Chama atenção também a precocidade, já que mais da metade dos usuários [do dispositivos, ouvidos na pesquisa] tem menos de 25 anos”, acrescenta.

“É uma alta prevalência. É como se fosse usado como um ‘remédio’ de alta concentração de nicotina. Vira a causa e também é o efeito.”

Isso porque os compostos tóxicos nocivos dos cigarros eletrônicos, assim como do cigarro, têm um efeito curto, de até 2 horas no organismo. É o caso da nicotina, que libera dopamina, responsável por provocar euforia, e a serotonina, responsável pela sensação de felicidade.

A pesquisa ainda encontrou a presença de substâncias como material particulado fino nos cigarros eletrônicos, material que provoca disfunções cardíacas e também pulmonares nos dependentes.

Segundo o estudo, 68% já buscou ajuda para parar de usar o produto, embora cerca de 40% tenha começado a fumar há menos de um ano. “É uma dependência intensa, elevada e rápida e insuportável”, diz Scholz.

A intensidade do modelo eletrônico é ainda maior do que a dos cigarros convencionais. Segundo a doutora, os analisados já apresentam índices de nicotina, em um ano, equivalentes ao de pacientes que buscaram ajuda após mais de duas décadas de dependência do fumo tradicional.

A especialista também alerta sobre como os cigarros eletrônicos são a porta de entrada para o tabagismo: entre as análises, apenas cerca de 40% se diziam ex-fumantes de cigarros tradicionais antes de aderir ao modelo eletrônico, também chamados de vapes.

A preocupação dos pesquisadores é que os dispositivos eletrônicos criado um revés contra as campanhas antifumo a partir dos anos 2000 -em São Paulo, a partir de 2009- responsável por uma queda acentuada no número de usuários.

Segundo Scholz, no último ano, cerca de 20% dos novos pacientes atendidos no InCor em busca de tratamento contra a dependência já eram fumantes de cigarros eletrônicos.

No mundo, dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) calculam que mais de 7 milhões de pessoas morrem todos os anos por doenças diretamente ligadas ao tabagismo, como o câncer pulmonar, e 1,2 milhão são vítimas passivas da dependência.

Os cigarros eletrônicos ainda são proibidos no Brasil, mas 74% dos analisados na pesquisa afirmam usar a versão descartável comprada em páginas de internet.

Tanto a Vigilância Sanitária quanto o Procon -SP afirmam terem entrado com ações para proibir a veiculação dos cigarros nas redes sociais e também negociado com produtoras de eventos o confisco dos aparelhos em shows, festivais e jogos de futebol.

A coleta para a pesquisa foi feita em bares, eventos, unidades de saúde e até mesmo em comércios, como restaurantes e supermercados. Foi conduzida pelo InCor (Instituto do Coração), em parceria com o Laboratório de Toxicologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e mobilizou 50 agentes da Vigilância Sanitária do estado de São Paulo a partir do segundo semestre deste ano.

Fonte: NM

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