
Localizada no número 1.733 da rua Sete de Setembro, em Campo Grande, a sede da Coordenadoria Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) amanheceu “fechada” hoje (10), por uma mobilização que é contra a troca de comando do órgão na Capital e ameaça até mesmo o fechamento de rodovias caso não sejam atendidos.
Em Campo Grande, o grupo de indígenas é acompanhado por uma série de parlamentares, entre eles o vereador por Dois Irmãos do Buriti, Altair Fermino Mamedes (PT), conhecido como Menoty, que confirma que as mobilizações começaram ainda por volta de 10h desta segunda-feira (10).
Conforme narra o vereador, o Coordenador Regional Elvisclei Polidorio, também chamado de Elvis Terena, teria sido exonerado “sem motivo nenhum”, sendo indicado ao cargo Dione Alcântara Batista.
Acontece que, segundo Altair “Menoty”, a indignação do grupo se dá pelo fato de que apenas seis caciques e uma instituição teriam sido consultados para elaboração do documento, que foi posteriormente encaminhado para a presidente da Funai, Joênia Wapichana, em 20 de outubro.
“Briga interna”
Para Menoty, Elvis apresentava um bom desempenho da função, no que chama de “trabalho com seriedade e transparência”, e que os demais caciques e parlamentares que indicaram Dione estariam com “interesse próprio”.
“Estão com inserção política e nem candidatos do governo federal eles apoiam. Queremos a permanência do Elves na coordenação onde já tem uma ata assinada mais 27 caciques, legítimos de vários territórios. Miranda, Nioaque, sidrolandia, dois irmãos do buriti, região sul, Corumbá”.
Ele conta que o intuito da mobilização é chamar a atenção tanto da presidente da Funai, Wapichana, como da Ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, sem chance de que esses indígenas deixem a sede da Funai na Capital antes de uma resposta.
“Não tem previsão da saída dos povos indígenas da Funai. Enquanto não tiver respostas dos órgãos competentes, vamos manter fechada e se for possível parar a BR”, considera ainda o vereador por Dois Irmãos do Buriti.
Enquanto que a carta em nome do Conselho do Povo Terena, assinada pelo então Coordenador Valcélio e outra meia dúzia de nomes, solicitava “de maneira mui respeitosa” a indicação de Dioni, um segundo documento pela representante do povo Atikum na região de Nioaque, Marinalva Conceição Vicente, engrossa o apoio a “Elvis”.
O texto repudia qualquer tentativa de substituição conduzida sem consulta às comunidades indígenas que são atendidas pela Coordenação Regional, que abrange cerca de 52 aldeias atuando junto aos povos:
Terena,
Kadiwéu,
Kinikinau,
Guarani-Kaiowá e
Atikum
Se por um lado meia dúzia teria confirmado o pedido de troca, a carta de apoio a Elvis Terena cita o que seria desejo de 27 caciques, reafirmando o ponto de que: “qualquer decisão sobre mudanças de coordenação deve respeitar o princípio da consulta livre, prévia e informada, conforme a Convenção nº 169 da OIT, e considerar as formas próprias de organização e decisão dos povos indígenas”.
CE/ML








