
Com o objetivo de atrair uma montadora de veículos e ampliar os investimentos em industrialização e sustentabilidade, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), embarca com uma comitiva local para uma missão oficial em três países da Ásia: Índia, Japão e Singapura. A viagem, organizada em parceria com o Lide Global, terá agendas com multinacionais, fundos soberanos, autoridades locais e grandes grupos industriais dos setores automotivo, farmacêutico, alimentício e de energia.
Conforme apurou o Correio do Estado, a proposta do governo é de se antecipar a movimentos do mercado e apresentar Mato Grosso do Sul como um estado estável, estratégico e preparado para receber novos negócios, com destaque para a diversificação da matriz produtiva e a meta de neutralidade de carbono até 2030.
Um dos principais alvos da missão é a Mahindra, montadora indiana com atuação global em máquinas agrícolas e veículos comerciais. A expectativa do governo estadual é de viabilizar a instalação de uma unidade industrial da empresa em Mato Grosso do Sul, fortalecendo a cadeia do setor automotivo e ampliando a presença do Estado na indústria de transformação.
A missão internacional será dividida em três etapas, seguindo os eixos estratégicos da política de desenvolvimento do Estado: diversificação da matriz produtiva, neutralidade de carbono, cooperação técnica, infraestrutura, Rota Bioceânica, segurança alimentar e transição energética, conforme apurou o Correio do Estado.
ROTEIRO
Na Índia, a comitiva terá compromissos com representantes da indústria farmacêutica ACG, da produtora de fertilizantes UPL, do conglomerado Tata Group, da Aditya Birla (grupo voltado à produção de alimentos), além da própria Mahindra. Também está prevista uma audiência com o governador do estado de Maharashtra, região industrializada da Índia.
Eduardo Riedel vai participar da Expo Osaka 2025, no Japão, a feira mundial tem foco em inovação e sustentabilidade. No país, o governador se encontrará com representantes da Keidanren, a confederação nacional da indústria japonesa, além de visitar o grupo Sumitomo e a Mitsui & Co. A Mitsui é acionista da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás) e tem um robusto portfólio de investimentos no agroindustrial brasileiro, com atuação já consolidada em MS.
Já em Singapura, polo global de investimentos e logística, a agenda inclui reuniões com o ministro do Comércio, Alvin Tan, além de encontros com o fundo soberano Temasek, a Enterprise Singapore (agência de promoção de exportações), o GIC (outro fundo soberano), a RGE (holding da Bracell, que atua na celulose) e a MTAS, associação dos importadores de proteína animal de Singapura.
A presença nesses países visa ampliar o acesso de produtos sul-mato-grossenses aos mercados asiáticos, atrair capital internacional para projetos de infraestrutura e consolidar a Rota Bioceânica como corredor logístico e estratégico entre a América do Sul e a Ásia.
INDUSTRIALIZAÇÃO
Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, Mato Grosso do Sul, que teve a sua economia focada no binômio soja-boi por muitos anos, já se consolidou como Vale da Celulose. Agora, o Estado se prepara para viver uma nova fase focada no beneficiamento de sua produção.
O governo sul-mato-grossense quer atrair cada vez mais indústrias – como a de papel tissue e de etanol – que nos próximos três anos terão aportes da ordem de R$ 105 bilhões.
De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, os investimentos abrangem áreas como celulose, bioenergia, proteína animal, irrigação e diversificação agrícola, e devem impulsionar o crescimento econômico de MS para 5,5% neste ano, segundo projeção da Pasta.
“Esse volume de investimentos representa uma mudança profunda na estrutura produtiva de Mato Grosso do Sul. Estamos falando da consolidação de uma nova matriz econômica, mais diversificada, sustentável e com alto valor agregado”, afirmou Verruck.
Além de celulose e alimentos, outros segmentos como fertilizantes, biotecnologia, farmacêutico e equipamentos industriais estão no radar da política de atração de investimentos da missão oriental. A aproximação com fundos soberanos e grandes holdings da Ásia visa ampliar essa base e fortalecer o posicionamento internacional de MS.
A meta de tornar Mato Grosso do Sul um estado carbono neutro até 2030 também será apresentada nas reuniões com empresas e autoridades asiáticas.
Outro eixo da missão é a consolidação da Rota Bioceânica como alternativa logística entre o Brasil e o mercado asiático. A rodovia vai conectar Mato Grosso do Sul aos portos do norte do Chile, passando por Paraguai e Argentina, reduzindo distâncias e custos de exportação.
Segundo projeções divulgadas pela Semadesc, a rota deve representar uma redução de até 30% nos custos logísticos para produtos como carne, grãos e celulose, exportados ao mercado asiático. O governo estadual pretende apresentar o corredor como oportunidade estratégica para empresas interessadas.
Roteiro da missão
Índia: visitas à ACG – indústria de medicamentos, à UPL Fertilizantes –, à Tata Group, à Aditya Birla – conglomerado industrial focado na produção de alimentos –, à Mahindra – máquinas agrícolas; participação no Fórum Lide e audiência com o governador do estado de Maharashtra;
Japão: participação na Expo Osaka 2025, Exposição Universal: visitas à Keidanren – Confederação Nacional da Indústria do Japão, ao Sumitomo – conglomerado industrial japonês focado em investimentos no agro –, e à Mitsui – conglomerado industrial japonês focado em investimentos no agro;
Singapura: audiência com o Alvin Tan, ministro do Comércio de Singapura; visitas à RGE – holding controladora da Bracell –, à MTAS – associação dos importadores de proteína animal de Singapura –, ao Temasek – fundo soberano de Singapura Enterprise Singapore –, e à Agência de promoção de exportações de Singapura GIC – fundo soberano de Singapura.
CE/ML








