Foto: José Cruz/Agência Brasil
As small caps costumam sofrer mais do que as grandes empresas em cenários de juros elevados e turbulências externas, como os novos tarifaços do presidente Donald Trump. O reflexo disso está nos números: enquanto o SMLL – índice que representa as principais empresas de média capitalização do Brasil – recuou 13,70% nos últimos 12 meses, o Ibovespa caiu apenas 1% no mesmo período.
Apesar do desempenho recente fraco, especialistas enxergam oportunidades nessa classe, e dizem que a queda pode representar um ponto de entrada atrativo para investidores. Além disso, alegam, o impacto das medidas de Trump, como a possível tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, tendem a ser limitados nas empresas de grande e pequena capitalização.
“O Brasil não é um grande exportador de aço para os EUA e o efeito das tarifas pode ser mais sentido pelos próprios consumidores americanos. O país também não é um grande exportador de alumínio para os Estados Unidos. A China é o principal player nesse mercado”, disse Werner Roger, CIO da Trígono, para a reportagem do InfoMoney.
Bruno Corano, economista da Corano Capital, também falou que o Brasil não vende e não tem uma dependência única e exclusiva do país norte-americano para a venda de aço, tendo outros compradores. “Então é muito mais sensível a concorrência com outros produtores de aço, especialmente a China, do que o fato de os Estados Unidos taxarem o aço”.
Roger disse que uma há receita que pode facilitar a escolha das companhias de baixa capitalização listadas na bolsa brasileira para investir em meio ao cenário atual. “Se você conseguir reunir empresas que exportam, tem receita em dólar, não têm dívida, pagam dividendos e cresçam, é o melhor dos mundos”.
Um dos setores que as gestoras apostam é o agronegócio, que tende a ser favorecido pelo preço das commodities, definido a nível mundial. O Brasil também deve registrar safra recorde 322,47 milhões de toneladas de grãos neste ano, 8,3% superior ao total registrado no ano passado, segundo a Conab, o que pode impulsionar mais as firmas do segmento.
Outro de destaque é o industrial. No ano passado, a produção industrial brasileira registrou crescimento de 3,1% na comparação com 2023, o terceiro maior resultado os últimos 15 anos, segundo dados do IBGE. E isso mesmo com os juros elevados.
Veja abaixo alguns dos papéis desses dois segmentos que podem se beneficiar, segundo especialistas e relatórios de gestoras.
“O açúcar é uma commodity, e seu preço está subindo. O etanol também está em alta, impulsionado pelo petróleo e pela gasolina. Dessa forma, a empresa tende a se beneficiar, seja vendendo açúcar ou etanol no mercado interno”, falou Roger, da Trígono. A empresa aparece nas recomendações de small caps de fevereiro do BTG Pactual.
Outro nome é a Kepler Weber (KEPL3), empresa de armazenagem agrícola. De acordo com com Roger, a firma tende a se beneficiar de um ambiente de combustíveis renováveis. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Lei do Combustível do Futuro, medida que, segundo o especialista, tende a respingar de forma positiva na empresa.
Fonte: InfoMoney
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