Em Concepcion, cidade paraguaia a 220 quilômetros de Ponta Porã, existem três terminais que no ano passado receberam 100 mil toneladas de MS
O Rio Paraguai em Porto Murtinho está, nesta terça-feira (23), no nível mais baixo em pelo menos cinco anos para esta época, mas mesmo assim as corretoras de grãos de Mato Grosso do Sul já estão fechando negócios para despachar soja pela hidrovia, inclusive para embarques pelos terminais paraguaios de Concepcion, de onde no ano passado já saíram 100 mil toneladas produzidas aqui no Estado rumo à Argentina.
Na comparação com o volume embarcado em Porto Murtinho, que em 2023 aumentou em 443% ante o ano anterior e chegou a 1,62 milhão de toneladas, os embarques nos terminais de Concepcion são insignificantes, mas esta nova alternativa de exportação tirou do papel uma promessa que se fazia havia cinco anos.
De acordo com Ronaldo Dávalos, em Cocepcion existem três terminais e toda a soja da região de Ponta Porã exportada pelo Paraguai foi levada por transportadoras do país vizinho, já que os bi-trens brasileiros continuam com restrições nas rodovias do outro lado da fronteira.
A distância entre Ponta Porã e Concepcion é de 220 quilômetros, o que é 90 quilômetros a menos que o percurso até Porto Murtinho. Além dissso, fica a cerca de 150 quilômetros rio abaixo, o que também reduz o custo do transporte pela hidrovia. E, por conta disso, Ronaldo Dávalo, da Granos Corretora, acredita que este novo corredor logístico tende a crescer ao longo dos próximo anos.
No último ano, a principal explicação para a “explosão” dos embarques em Porto Murtinho foi a quebra da safra de soja na Argentina, que foi de apenas 23 milhões de toneladas, sendo que o normal seria da ordem de 48 milhões. Para 2024, porém, tudo indica que a safra no país vizinho será cheia.
Mesmo assim, vários embarques já estão programados em Porto Murtinho a partir de meados de fevereiro, segundo Ronaldo Dávalo. A explicação, segundo ele, é que inúmeras processadoras de grãos argentinas estão instaladas às margens da hidrovia e para elas é vantajoso comprar soja que chegue por via fluvial, uma vez que os custos do transporte são bem menores.
Ronaldo Dávalo admite que, na comparação com 2023, a quantidade deve cair em 2024, mas ele está convicto de que esse novo corredor logístico que se abriu pela hidrovia vai continuar ao longo dos próximos anos. Para efeito de comparação, a média de embarques em Porto Murtinho estava na casa das 250 mil toneladas por ano.
E nem mesmo o cenário pessimista sobre o nível do Rio Paraguai assusta. Nesta terça-feira, na régua de Ladário, o rio estava em apenas 1,62 metro. Nos dois anos anteriores, estava quase 40 centímetros acima disso na mesma época. Mas, no dia 23 de janeiro de 2020 já estava em 2,90 metros.
Mas, o preocupante não é o nível do rio em Porto Murtinho. O problema é a falta de chuvas em Mato Grosso. Na região de Cáceres, por exemplo, o rio estava em 2,14 metros na manhã desta terça-feira. No ano passado, na mesma época, estava em 3,21, o que seria o normal para esta época do ano.
No ano passado, quando o nível máximo do rio chegou a 4,24 metros na régua de Ladário, os embarques de soja puderam ser feitos de fevereiro até novembro. Neste ano, a não ser que ocorram chuvas muito acima da média ao longo dos próximos meses em Mato Grosso e no norte de Mato Grosso do Sul, a navegação deve ser interrompida bem antes disso, já que as chuvas dos últimos quatro meses têm sido abaixo da média histórica em toda a bacia pantaneira.
Fonte: Correio do Estado
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