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Presidente da Fenaj defende jornalismo local para temas urgentes

Presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Samira de Castro, durante visita ao Campo Grande News. (Foto: Idaicy Solano)

A presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Samira de Castro, esteve em Campo Grande nesta sexta-feira (4) para palestrar hoje à noite, durante a posse da nova diretoria do Sindjor-MS (Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul), na sede da ACP (Sindicato Campo Grandense dos Profissionais da Educação).

Em entrevista ao Campo Grande News, ela defendeu a velha fórmula do jornalismo para combater a desinformação. “As pessoas precisam saber o que está acontecendo no local onde elas moram, na rua que moram, sua cidade, bairro, no seu Estado. Precisam saber dos seus temas urgentes. Por exemplo: Por que uma escola não tá funcionando? Por que a merenda é só bolacha e leite? Por que o transporte público não tá passando ou a coleta de lixo não funciona? É isso que o cidadão quer. Se não vamos estar concorrendo com o tia do zap”, justificou.

A entidade tem defendido os profissionais de comunicação durante os últimos anos. “A Fenaj tem dito que a impunidade é o maior combustível para toda violência com o jornalista. Precisamos criar a cultura de não violência. Muitas vezes o repórter é xingado, ameaçado e não faz registro de boletim de ocorrências. Tem que criar esse hábito da denúncia, procurar sindicato, avisar a empresa que é responsável pela segurança do profissional e temos que cobrar a punição dos responsáveis dentro da lei”, reforçou.

Samira acredita que a profissão sofre com erros causados por diversas situações. Como a desregulamentação da imprensa, a queda do diploma desde 2009, a ascensão das redes sociais e tecnologias de comunicação que permite a qualquer pessoa dizer o que quiser e criar a desinformação em massa.

“Precisamos resgatar a credibilidade e o trabalho da imprensa, será um trabalho de longo prazo. Precisamos investir em educação midiática. As pessoas não entendem como as notícias são feitas, como funcionam. Não sabem diferenciar um perfil em que emito uma opinião de um site de notícias. Queremos a volta do diploma, e a criação do Conselho Federal de Jornalistas”, pontuou a presidente.

Dentre casos que estão dando certo em outros estados, ela citou o Amazonas. “Eles criaram selos que certificam o jornalismo profissional. Existe uma enorme explosão de sites que copiam e colam. Quando todos foram informados sobre a iniciativa, tivemos resultados. Também precisamos combater o adoecimento dos profissionais que trabalham sobre forte estresse. Muitos sindicatos estão fazendo convênios com descontos em consultas de terapia. Ou até parcerias com Conselho de Psicologia. É doença psicológica”.

A Fenaj também quer discutir critérios de verbas públicas para anúncios em veículos de imprensa, debater a utilização da tecnologia 5G, investir na taxação das grandes plataformas e na criação de um Fundo Nacional de Apoio e Fomentação do Jornalismo.

“Precisamos valorizar o jornalismo enquanto pilar da sociedade democrática que não pode mais prescindir do nosso trabalho e ficar se informando pelo grupo de whatsapp. Temos que vencer essa cultura. O papel de mediação do jornalista precisa ser resgatado. É uma luta diária”, ressaltou.

Como representante da classe, ela criticou a cobertura política. “Temos que reavaliar como isso é feito hoje. É só em base de pesquisa, declaração e debate. O formato utilizado pelas emissoras neste ano não ajudou o eleitor a compreender os problemas do país”, disparou.

Apesar do cenário conturbado para a profissão, Samira disse que o jornalismo não vai acabar nunca. “Vamos ter novas formas de fazer jornalismo. Ao mesmo tempo que temos essa concorrência com outras pessoas não habilitadas para atuar e a tecnologia que passa de mão errada, e que barateou o custo do jornalismo. Temos que nos compreender como trabalhador.”

A união da categoria é a única saída, segundo a presidente da Fenaj, para que o direito do cidadão a ter informação prevaleça. “Essa individualização da profissão é que joga contra nós. Teremos futuro no momento que nos compreendemos como classe trabalhadora e que reivindique juntos. As faculdades têm seus problemas, mas o jornalista que passa por ela tem uma capacidade de exercer a profissão com critérios, muito diferente de quem abre um site para pegar uma verga política ou um patrocínio”, concluiu.

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Redação

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