A declaração contradiz uma fala de Lavrov de abril, quando ele disse: “Não temos planos de mudança de regime na Ucrânia.” Naquela ocasião, o ministro russo afirmou que cabia aos ucranianos escolherem seu líder.
Autoridades russas vêm nos últimos dias endurecendo seu discurso sobre a guerra na Ucrânia. Na quarta-feira, Lavrov ameaçou ocupar mais áreas além da região do Donbass, no leste da Ucrânia, onde a maior parte dos combates ocorre atualmente.
Um dos motivos apontados para essa ameaça é o envio pelo Ocidente à Ucrânia de armas pesadas com maior raio de alcance, como o sistema de mísseis Himars, produzido nos Estados Unidos. Dessa forma, seria necessário para Moscou empurrar os militares ucranianos para mais longe das províncias de Donetsk e Luhansk, que formam a região do Donbass e são reconhecidas pela Rússia como independentes.
A Rússia tem como um dos objetivos da guerra que Kiev o reconhecimento da independência da região do Donbass, e também que reconheça a península da Crimeia, ocupada em 2014 por Moscou, como um território russo.
Zelensky: ucranianos não serão intimidados
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu indiretamente à afirmação de Lavrov, em um discurso em vídeo na noite de domingo. “Só aqueles que não conhecem a história verdadeira e não compreendem seu significado poderiam decidir nos atacar”, afirmou. Por séculos, os ucranianos foram oprimidos. Eles nunca abririam mão de sua independência e não serão intimidados, disse.
“Preservar a unidade agora, trabalhando juntos pela vitória, é a tarefa nacional mais importante que precisamos realizar juntos”, disse Zelensky. Se os ucranianos conseguirem fazer isso, eles terão sucesso no que gerações anteriores fracassaram: manter a independência da Rússia, fazer da Ucrânia um dos Estados mais modernos do mundo e construir seu caminho na direção da Europa, que seria concluído com a adesão à União Europeia, afirmou.
A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, havia rejeitado na quarta-feira, em entrevista à DW, a alegação da Rússia de que o envio de armas do Ocidente desempenharia um papel decisivo para que Moscou expandisse seus objetivos militares na Ucrânia. Ela disse que o Kremlin muda continuamente sua argumentação, e a atual afirmação é “mais uma peça de propaganda do lado russo”.