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Assembleia-Geral da ONU aprova resolução que condena a Rússia por invasão à Ucrânia

Bombardeio a Kiev, onde 6 civis foram mortos. Foto: REUTERS/GLEB GARANICH

A Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta quarta-feira (2), uma resolução condenando a Rússia pela invasão contra a Ucrânia.

A reunião foi convocada pelo Conselho de Segurança e feita de forma emergencial para discutir a situação no Leste Europeu. Para a aprovação, foi preciso maioria de 2/3 dos votantes.

O Brasil foi um dos 141 países que votaram a favor. Foram cinco votos contrários e 35 abstenções.

Durante a justificativa, Ronaldo Costa Filho, embaixador brasileiro nas Nações Unidas, disse que a resolução, da maneira que foi votada, não vai “longe o suficiente” para o fim das hostilidades e é “apenas um primeiro passo para a paz”.

“A paz exige mais do que o silêncio das armas e a retirada das tropas. O caminho para a paz requer um trabalho abrangente sobre as preocupações de segurança das partes. A resolução não pode ser entendida como algo que permita a aplicação indiscriminada de sanções”, afirmou.

“O Brasil continua a pedir a todos os atores a desescalada e renovação dos esforços em favor de um acordo diplomático”, finalizou.

Antes da votação, e introduzindo o projeto de resolução, o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kylytsya, disse que os “crimes cometidos pela Rússia” são bárbaros e difíceis de entender e pediu respeito à Carta das Nações Unidas.

Ele terminou o discurso aplaudido pelos presentes na Assembleia.

O embaixador russo, Vasily Nebenzya, por sua vez, pediu que a minuta não fosse aprovada e que os países “votassem por seus interesses e não por pressão”. Durante seu discurso, acusou a Ucrânia de utilizar pessoas como escudo humano e manter reféns em Kiev.

Nebenzya disse que a recusa da votação permitiria “libertar a Ucrânia do neonazismo” e que há o crescimento de grupos com este ideal no país do Leste Europeu.

“Estamos tentando terminar a guerra de oito anos na região de Donbas. Falamos com todos, mas não nos deram ouvidos. O objetivo da operação especial mostra que não estamos fazendo ataques à infraestrutura civil”, adicionou.

Após a aprovação, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em publicação no twitter, agradeceu aos países favoráveis à resolução e afirmou que eles “escolheram o lado certo da história”.

Bassam al-Sabbagh, embaixador da Síria na ONU – um dos países que foram contra a medida -, classificou a votação como “hipocrisia”. A representante de São Vincente e Granadinas, Rhonda King, exigiu um cessar-fogo imediato e diálogo.

António Guterres, secretário-geral da ONU, em pronunciamento à imprensa após a votação, disse que continuará fazendo “tudo ao alcance” para que o conflito termine e que as negociações continuem.

“Povo da Ucrânia, nós sabemos que vocês precisam de paz, e povos do mundo todo exigem essa paz”, afirmou.

A representante dos Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfied, também em pronunciamento, disse que “hoje, a luz venceu a escuridão”.

Entenda o conflito

Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.

Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).

O que se viu a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.

Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.

Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.

A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.

A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.

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