As redes sociais teriam o mesmo apelo se nenhum conhecido estivesse usando? Segundo o pesquisador do segmento, Leonardo Bursztyn, da Universidade de Chicago, a resposta é não e usuários adorariam que as redes sociais nem existissem. Leonardo participou do evento Brazil: Macroeconomic Stability, Climate Change and Social Progress, na Universidade de Miami, patrocinado pelo Private Bank da XP.
De acordo com o pesquisador, o tempo passado em redes sociais por adolescentes apenas é inferior ao tempo dormindo, no Brasil. “Há um movimento forte de banir celulares ao redor do mundo, inclusive no Brasil”, diz.
Dentre as razões que explicam o uso excessivo de redes sociais, estão o isolamento social presente na ausência de uso. Isso faz com que pessoas passem a usar um produto que, talvez, preferissem que não existisse em primeiro lugar. Mas a pessoa passa a usar porque não tem controle sobre o uso de outros e passa a se sentir isolado caso não use.
O efeito é descrito em inglês pela sigla FOMO (Fear of Missing Out, que pode ser traduzido como Medo de Perder Algo) e, segundo o pesquisador, isso faz com que mesmo sem gostar da existência de redes sociais, pessoas continuem presentes nas principais plataformas digitais.
“Em redes como TikTok e Instagram, pode ser doloroso para que jovens não usem e tem um custo de não usar”, afirma. Isso é o que constitui a “Armadilha de Redes Sociais”, estudada pelo pesquisador. Em suas análises, Leonardo concluiu que pessoas consideram valioso o uso de redes sociais e que apenas aceitariam parar de usar sendo pagas com grandes quantias.
Na pesquisa realizada com estudantes universitários nos EUA, 57% dos analisados, usuários de TikTok, afirmaram que preferia que a rede social não existisse. No caso do Instagram, 58% dos usuários pesquisados consideram também que seria melhor se não existisse.
A lógica é que o uso não traz benefícios mas sim evita os malefícios atrelados ao não uso de redes sociais.
Em sua visão, no entanto, o problema não poderia ser sanado através de regulamentação. O pesquisador, então, criou aplicativo para transformar em jogos a falta de uso de redes sociais. O aplicativo, chamado Nomo, tem por objetivo evitar o uso através de desafios coletivos, que são realizados com amigos e familiares.
Fonte: IM/ML
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