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Reduzir ou eliminar a proteína animal da dieta ajuda o meio ambiente

“No meu caso, optei por parar de comer carne em 2009. Só para testar. Queria saber se conseguiria… e estou aqui até hoje. A ideia de viver causando o mínimo de dor possível a outros animais me apetecia naquela época e continua fazendo sentido para mim hoje. Então, acabo não pensando muito nas restrições”. Quem afirma é Guilherme Luís Teló, 35 anos, dono do restaurante vegetariano Mais Que Salada, na Rua Treze de Maio, no centro de Campo Grande, a menos de um quarteirão da Praça Ary Coelho.

Ele inaugurou o estabelecimento uma década depois de ter retirado a carne de seu cardápio pessoal. “Trabalhar em um restaurante que não serve nada de origem animal ajuda bastante, e gosto de pensar que
o Mais Que Salada também ajuda muita gente, deixando o dia a dia mais prático e essas restrições mais fáceis de contornar”, conta Guilherme.

O Dia Mundial Sem Carne é comemorado anualmente em 20 de março. Seu objetivo é incentivar as pessoas a reduzir ou a eliminar o consumo de proteína animal. Visa ainda conscientizar sobre o processo produtivo da carne, mercado que envolve assuntos como crueldade e sofrimento animal, poluição e uso de recursos naturais, entre outros aspectos.

Criado em 1985 por movimentos ambientalistas e de proteção animal nos EUA, o Dia Mundial Sem Carne traz luz ao debate sobre a indústria da carne e a adoção de hábitos mais saudáveis e sustentáveis.

MERCADO DE US$ 20 BI
Conforme pesquisa da consultoria SkyQuest, o mercado global de alimentos veganos foi avaliado em US$ 20,14 bilhões no ano passado, mas deve alcançar os US$ 44,79 bilhões até 2032.

O crescimento desse mercado é alimentado por fatores como a procura por saúde e bem-estar, responsabilidade ambiental e melhores tecnologias de alimentos. Alternativas lácteas e substitutos de origem vegetal vêm impulsionando o mercado sem carne.

No entanto, o alto preço afasta alimentos veganos da mesa da maioria dos consumidores.

A disponibilidade limitada desses alimentos em regiões inexploradas e em áreas rurais também é uma das barreiras do mercado.

Mesmo assim, as apostas no segmento continuam aumentando, talvez de olho no crescimento exponencial previsto para os próximos 10 anos.

Inovações no desenvolvimento de produtos e a expansão do consumo nos países em desenvolvimento são algumas oportunidades observadas pelos investidores.

PROTEÍNA VEGETAL
A nutricionista Maria Tainara Carneiro defende que a data mostra que a proteína vegetal também é nutritiva. “É possível ter uma alimentação adequada, saudável, saborosa e sem o consumo de carne ou com uma redução do consumo dessa proteína”, diz ela, que também é professora de Nutrição da Estácio.

A proteína animal, segundo Maria Tainara, tem mais gorduras saturadas. Seu consumo em excesso facilita o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).

“Com uma alimentação balanceada, é possível suprir a necessidade de nutrientes com as proteínas vegetais e demais tipos de alimentos”, explica.

Exemplos de vegetais ricos em proteínas incluem o feijão carioca cozido (4,8 g), feijão preto cozido (4,5 g), amendoim (25,4 g), grão de soja (16,2 g), nozes (14 g), castanha de caju (18,2 g) e aveia (15,4 g). Mas o menu de opções – verduras, grãos e castanhas – vai bem além desses exemplos.

MEIO AMBIENTE
Para produzir 1 kg de carne de boi são gastos cerca de 15,5 mil litros de água. Essa é a média global que leva em conta a criação de gado em países do Hemisfério Norte, conforme dados da Embrapa. No Brasil, os pesquisadores do órgão desenvolvem estudos para definir a pegada hídrica na pecuária brasileira.

O impacto também pode ser sentido na atmosfera. O metano liberado pelos arrotos (fermentação entérica) e pelos gases dos bovinos é um dos principais gases de efeito estufa. Além disso, as fezes dos animais emitem óxido nitroso (N0), outro composto que contribui para o problema.

Um estudo nacional de 2023 que integra o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apontou que esses gases somaram 600 milhões de toneladas no ano, cerca de 26% do total de emissões do País.

Para piorar, a expansão da pecuária para áreas de floresta acelera o desmatamento, que é uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa.

“DENTRO DO POSSÍVEL”
Ouvindo Guilherme Luís, percebe-se o que parece óbvio, mas muita gente não consegue levar em consideração quando deseja mudar os hábitos alimentares.

“‘Dentro do possível e do praticável’ não é uma máxima no veganismo à toa”, diz o restauranteur vegano. “É melhor começar com mudanças pequenas e graduais e tentar mantê-las no longo prazo do que fazer uma reviravolta maluca nos costumes e não conseguir manter essa mudança por muito tempo”, aconselha.

Ou seja, um dia de cada vez.

Fonte: Correio do Estado

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Redação

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