Mato Grosso do Sul superou o título de Celeiro do Agro, ao aumentar a produção de industrializados, e tem se consolidado como Vale da Celulose, pelo aumento considerável na produção da fibra de eucalipto e por abrigar a maior planta de celulose do mundo. Para além da produção de celulose, o Estado também desponta com novos investimentos em soja e milho processados e aumento da capacidade de armazenagem.
Na semana passada, o governo do Estado anunciou duas ampliações que trazem investimentos de quase R$ 2 bilhões para os próximos anos, sendo R$ 1,3 bilhão para ampliar e modernizar a produção da Raízen, em Caarapó, e outros R$ 500 milhões na ampliação da fábrica da Coamo, em Dourados, e na construção de três novos armazéns.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado, o governador Eduardo Riedel (PSDB) e sua equipe estiveram em Londres, na semana passada, para o Lide Brazil Conference, evento para apresentar as possibilidades de investimentos em Mato Grosso do Sul.
Durante a apresentação, Riedel recebeu a confirmação do investimento de R$ 1,3 bilhão para ampliar e modernizar a produção da usina da Raízen em Caarapó, no sul do Estado.
“Em reunião com o vice-presidente de Relações Institucionais da Cosan, Claudio Oliveira, ele confirmou o investimento de R$ 1,3 bilhão em Caarapó, que vai aumentar número de empregos e renda para o Estado, renda para as pessoas e, principalmente, para o desenvolvimento do município [de Caarapó] e de toda a região”, frisou o governador Eduardo Riedel.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, o governador ainda ressaltou que a planta vai aumentar a produção sem aumentar a área plantada.
Vão usar o bagaço de cana para produzir etanol a partir do bagaço de uma mesma planta que eles têm lá em Caarapó, isso significa mais 88 milhões de litros de etanol e uma considerável descarbonização em toda a cadeia produtiva sem precisar aumentar a área plantada”, detalhou.
COAMO
O governo do Estado anunciou também que a Coamo vai investir R$ 500 milhões em Mato Grosso do Sul, volume financeiro que será usado na expansão da sua unidade de processamento de soja em Dourados e na construção de mais três armazéns nas cidades de Sidrolândia, Amambai e Dourados.
Conforme a gestão estadual, os novos investimentos vão gerar mais empregos e renda no Estado, cenário que faz parte do processo de industrialização, com agregação de valor à produção local, linha estratégica da gestão estadual. Além disso, a iniciativa melhorará a capacidade de armazenagem dentro do Estado e fortalecerá o cooperativismo.
A direção da Coamo se reuniu, na sexta-feira, com o governador Eduardo Riedel e, além de anunciar os novos investimentos, pediu ao Estado algumas obras de infraestrutura para facilitar logística e acesso. Com a parceria firmada, esses novos investimentos deverão ser feitos a partir de 2025.
O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que a ampliação da fábrica da Coamo, em Dourados, terá um investimento de mais de R$ 200 milhões. A planta, que tem capacidade de processamento de 3 mil toneladas por dia de soja, vai passar para 4 mil toneladas ao dia após a ampliação.
Já os novos armazéns, que serão construídos em Sidrolândia, Amambai e Dourados, tem previsão de investimento de
R$ 80 milhões em cada um.
“No total, o investimento chega a R$ 500 milhões da Coamo. Além da nossa política de incentivos fiscais, eles pediram algumas obras de infraestrutura ao Estado, como um trevo, que o governador aceitou. Agora é esperar o projeto para avançarmos”, explicou Verruck.
Verruck acrescentou que os novos investimentos privados no Estado retratam o “bom ambiente de negócios” criado pelo governo de Mato Grosso do Sul.
“Aqui as empresas têm boa recepção, diálogo aberto com o governo e ambiente positivo. No caso da Coamo, eles ainda avaliam a expansão agrícola que o Estado tem, com espaço para ampliação da produção de soja, além dos nossos investimentos em infraestrutura e logística, para melhorar as estradas, rodovias e acessos”, finaliza o secretário.
Antônio Sérgio Gabriel, diretor administrativo e financeiro da Coamo, destacou que todo este cenário positivo facilita os investimentos no Estado.
“Fomos bem recebidos e acolhidos pelo governador. Agora estamos investindo neste aumento da capacidade da nossa indústria de soja em Dourados e teremos mais três unidades de armazenamento, com expectativa de R$ 500 milhões. Está muito fácil trabalhar em MS”.
Os investimentos vão ao encontro das necessidades de armazenagem do Estado. Conforme já informado pelo Correio do Estado na edição de 19 de outubro de 2024, Mato Grosso do Sul tem deficit de armazenagem de mais de 6,36 milhões de toneladas.
A capacidade estatística de armazenagem de MS apresenta um crescimento de 4,15%, na comparação com o ano passado, enquanto a produção de grãos teve um aumento de 5,2%. A safra foi de 20 milhões de toneladas, quantitativo obtido mesmo em um ano crítico para a agricultura, por conta da crise hídrica, reforçando o cenário de deficit de armazenagem em MS.
Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), esse descompasso resulta em dificuldades para as empresas, que precisam agir rapidamente para transportar ou transformar os grãos.
INDUSTRIALIZAÇÃO
A industrialização da produção local é o foco do governo estadual, e “agregar valor” aos produtos sul-mato-grossenses tem sido o principal caminho apontado para o desenvolvimento econômico de MS.
A renomada economista Zeina Latif disse, em entrevista ao Correio do Estado, que, para que a economia de Mato Grosso do Sul deslanche de vez, é necessário que haja um maior investimento na indústria e na comercialização dos produtos industrializados.
“O efeito multiplicador na economia é forte, porque a indústria tem um peso muito importante. Então, por exemplo, parte do setor de serviços vem atrás porque é justamente de provedores de serviços para a indústria”, considera.
Segundo eles, a permanência de Haddad no país até traz uma sinalização positiva para o andamento do pacote de ajuste fiscal, mas a melhora do humor do mercado ainda depende do anúncio de medidas concretas que possam promover a redução de gastos.
Parte dos analistas ainda vê resistência no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em levar adiante essa agenda.
Os economistas também afirmam que a desvalorização do real ante o dólar está atrelada em grande parte a incertezas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, algo fora da alçada do governo brasileiro.
Na sexta (1º), a moeda americana disparou a R$ 5,869, o maior patamar desde maio de 2020, período marcado pela pandemia de Covid-19.
“Depois de quase dois anos de uma situação fiscal muito mal-encaminhada, é difícil imaginar que o mercado vai se acalmar porque o presidente [Lula] pediu para o ministro [Haddad] ficar aqui”, diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.
“Acalmar o mercado é algo que vai acontecer se vierem medidas realmente importantes do ponto de vista fiscal”, acrescenta.
Haddad iria para a Europa nesta segunda (4) e retornaria ao Brasil no sábado (9). Porém, com o cancelamento da viagem, a expectativa é de que o ministro se dedique a medidas do pacote de corte de gastos.
A assessoria do Ministério da Fazenda informou neste domingo (3) que Lula pediu para o ministro permanecer em Brasília.
“Havia uma certa clareza de que o Palácio do Planalto tinha uma resistência muito grande em fazer alguma coisa mais consolidada do ponto de vista fiscal”, afirma Vale.
“Então, simplesmente o Haddad ficar aqui para continuar as conversas não significa que o presidente vai ceder”, completa.
Lula se recusou a falar sobre a definição das medidas do pacote de corte de gastos neste domingo, em visita ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Questionado sobre o tema, o presidente disse que não iria discutir nenhum assunto que não fosse sobre educação, referindo-se à prova do Enem 2024, que tem a primeira parte neste domingo.
Alex Agostini, economista-chefe da agência classificadora de risco Austin Rating, considera que a permanência do ministro não é suficiente para afastar toda a preocupação do mercado financeiro, porque o foco neste momento é a incerteza com as eleições nos Estados Unidos.
“Só demonstra que de fato é uma preocupação que o governo começa a ter com maior foco, coisa que aparentemente não tinha, até porque o Lula sempre ficava ali desdenhando do controle fiscal. Era meio que uma seara em que o ministro Haddad estava tentando brigar quase sozinho”, diz Agostini.
“Parece que caiu a ficha no governo federal de que, de fato, a gente vai sofrer muito se tiver essa desvalorização contínua [do real]. Agora é esperar para ver quais são as medidas”, acrescenta.
A economista Juliana Inhasz, professora do Insper, também ressalta que a pressão na taxa de câmbio está associada em parte a questões fora do alcance do governo brasileiro, como as eleições americanas.
“Ainda que o mercado entenda que pode ficar mais calmo com essa tentativa dele [Haddad] de mostrar, de sinalizar, que está à frente dessa gestão, existem outros fatores que vão pressionar”, diz a professora.
“Nesse aspecto, vai ser imprescindível o auxílio do Banco Central para conseguir segurar o dólar”, acrescenta.
Pesquisas de intenção de voto indicavam empate técnico entre Donald Trump e Kamala Harris na corrida eleitoral dos Estados Unidos. No mercado de apostas, porém, as chances de um retorno do republicano à Casa Branca marcavam 66%, segundo a plataforma Polymarket.
As promessas econômicas de Trump incluem aumento tarifário sobre importações, especialmente chinesas, e um possível corte de impostos –medidas que são vistas como inflacionárias e que podem influenciar o Fed (Federal Reserve) a manter juros elevados por mais tempo, o que fortaleceria o dólar.
O economista Alexandre Espirito Santo, da Way Investimentos, avalia que a permanência de Haddad no Brasil pode ser positiva porque os mercados estavam “muito tensos” com a possibilidade de o pacote fiscal ser adiado em razão da viagem.
“Pelo menos tem uma expectativa de que possa vir alguma coisa essa semana. Mas também não adianta [a permanência] se não vier nada, aí vai ser uma decepção ainda maior”, pondera Espirito Santo, que também é coordenador de Economia e Finanças na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Apesar de ser um benefício social, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, o BPC é pago pelo INSS. Após um aumento na procura de informações sobre o desbloqueio nos últimos dias, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, e o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, determinaram o mutirão de servidores das agências do INSS.
Nas agências do INSS, o beneficiário obterá informações sobre a revisão e registrará o comparecimento à agência da Previdência. Além do atendimento presencial nas agências, o beneficiário pode ligar na Central de Atendimento 135 e informar que a atualização ou a inscrição do CadÚnico está em andamento. Em todos os casos, o benefício é desbloqueado em até três dias.
Nos dois casos, comparecimento à agência ou ligação para o 135, o beneficiário terá um prazo para ir ao Centro de Referência e Assistência Social (Cras) do município onde reside. Apenas nos postos do Cras, é possível se inscrever no CadÚnico ou atualizá-lo. O prazo é de 45 dias nos municípios com até 50 mil habitantes e de 90 dias para os municípios com mais de 50 mil habitantes. Quem não comparecer ao Cras terá o BPC suspenso.
Segundo o INSS, serão convocados extraordinariamente os servidores lotados na Centrais de Análise de Benefícios (Ceabs), inclusive os que estão em regime de teletrabalho parcial ou integral. A portaria com as orientações aos servidores foi publicada em boletim interno do órgão nesta sexta-feira (1º). As superintendências regionais do INSS avaliarão as unidades precisam de suporte adicional de servidores ao longo dos 90 dias de atendimento reforçado.
Balanço
Desde agosto está em andamento um programa de revisão de BPC sem atualização cadastral há mais de 48 meses (quatro anos) e também das pessoas não inscritas no CadÚnico. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, até 1,25 milhão de benefícios podem ser revistos.
Até o último dia 28, de 505 mil pessoas sem inscrição no CadÚnico, 200 mil atualizaram os dados. Em relação aos cadastros desatualizados, 640.686 benefícios foram revisados. Desse total, 71.237 tomaram ciência da notificação, e outras 73.197 atualizaram as informações espontaneamente. No entanto, 517.571 não tomaram ciência da notificação e não compareceram ao Cras. Esses pagamentos também podem ser bloqueados.
Para consultar se o nome está na lista para fazer inscrição ou atualização cadastral no CadÚnico basta acessar o aplicativo Meu INSS e, com o número do CPF, fazer a pesquisa. Os beneficiários que moram em municípios do Rio Grande do Sul com situação de calamidade pública reconhecida não passarão pelo processo de inscrição no CadÚnico ou atualização cadastral neste momento.
Quem tem direito
Previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), o BPC garante um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social coordena e repassa o dinheiro do benefício, com o INSS operando o pagamento nas agências.
Para ter direito ao BPC, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja igual ou menor que um quarto do salário mínimo e que o beneficiário e sua família estejam inscritos no CadÚnico. O cadastro deve ser feito no município onde o beneficiário resida, antes mesmo de fazer o requerimento.
Por não se tratar de aposentadoria, o BPC não exige contribuição para o INSS. O BPC não paga 13º salário e nem deixa pensão por morte.
Fonte: Correio do Estado